**ÚLTIMO REMANESCENTE DO BELO** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Haverá, na verdade,
A ab-solvição?
Haverá, na verdade,
O ab-solvido?
Que desejo inconsequente,
Insano, despropositado
Deixei aderido
Às teias da ec-sistência
Para outra vez ter que
Usar estas grossos
E enferrujados grilhões?
Estranho poder
Que nos une e des-une
Tantas vezes,
Que con-cede prazeres
E a dor profunda...


Indecifrável enigma
O da trans-figuração humana...
In-compreensível é esta consciência
Sabida real, pela omnisciência do caminho.
Onde andaram todos os outros
Que pensei ser?
E, este agora,
Será o que traz em si a voz em falsete,
A certeza in-abalável?
- Ou simplesmente as cortinas se abriram
e o palco está iluminado?


Gritar pelo sonho...
Último remanescente do Belo
Único ópio capaz de escancarar as portas
À verdadeira liberdade.


(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE MARÇO DE 2017)


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