**ÁGUAS ÍNTIMAS E MARÍTIMAS** - PINTURA; Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Em que vinhas estrangeiras
as mãos colhem uvas frescas,
Molhadas do orvalho da madrugada?
Minha taça está inerte no tempo.
Ecoa em seu cristal sonoro vinho,
Vinho de sabor in-estimável...
Ecoa equestre vento de além - partida.


Construo
Meu próprio espaço
Para dar largueza
Aos mais simples mov-imentos...
Vida mínima, essencial.


Em que jabuticabeiras íntimas
as mãos colhem jabuticabas saborosas,
Respingando gotículas da chuva da manhã?
O cigarro aceso no canto da boca,
Pensamentos distantes,
Por que alvoreci tão disperso?
Saudades do mar?
Olhar a gaivota pousada no barco?
Passear na orla, descontraído...


O que mais me extasia
É perscrutar o infinito
Sob a luz das águas marítimas
Surge-se-me que as nuvens escuras
Banham-se.
Tento des-cobrir caminhos de longe.


(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE MARÇO DE 2017)


Comentários