**LÍNGUA DO TEMPO** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


De novo ângulo,
Quiçá o in-finito atrás das constelações,
Quiçá o brilho do diamante etéreo iluminando as sombras,
Re-descubro a face
E o que atrás da face é.


Razões sempre des-conhecidas,
Incógnitas,
A despirem-me
Que fazem do riso
A maneira mais sábia e percuciente
De seguir viagem
Para sítios de êxtases,
Para vales de prazeres,
Em que a idade
Não pesa mais que uma pétala
Sobre a língua do tempo?


O meu mar
Não tem porto,
O meu templo
Não tem tabernáculo,
A minha estrada
Não tem taberna,
Ao re-tornar me distancio,
Ao distanciar-me regresso.
A noite esconde ilhas...
Não sei pescar.


Re-velo em minh´alma
pétalas abertas ao sol
em forma de entrega.


Voe, condor,
consagre ao ilimitado
o valor de suas penas
e a ti mesmo
o esplendor de suas asas.
Voe, águia,
Voe, por amor ao voo,
a poesia e a liberdade
detestam rastejar,
se suas asas se cansarem,
deixe o vento levá-la
Na noite, a voz perdeu-se
Entre suas lâminas.


Longe
é onde deveremos chegar,
Distante
é onde deveremos ressonar.
invisíveis sinos soam na bruma,
anunciando o alvorecer
no santuário pagão da Humanidade.


(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE MARÇO DE 2017)


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