**DELÍRIOS LUMINOSOS** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Netro


O amanhã,
miragem na tela tridimensional
do momento,
do instante-limite...



Por vezes, tudo é tão sozinho
E tão imenso,
E tão grandioso,
Que em dimensões ab-surdas me perco
Re-conheço-me in-capaz de re-pres-[ent]-arme,
In-capaz de traduzir-me,
In-capaz de inter-pretar-me,
Des-conheço-me neste rosto estranho,
frente á superfície lisa do espelho,
de costas para as nuvens brancas
deslizando-se no azul celeste
inter-posto entre a palavra e o ato.



Na precipitação de apurar o instante...
O des-conhecido des-cortina seus véus
o novo abre-se em estradas
E houve o in-evitável:
a aparente distância,
e houve o sem saber como,
no re-côndito das entranhas
e sem querer,
a chegada do vento - delírios luminosos,
depois o suposto
e o concreto sonho a prolongar-se,
e o mágico acaso,
Deu-se o encontro,
pre-nunciando o portador do pólen.



Sou o vento,
tu és o galho da palmeira,
à soleira da varanda
pronto para receber os passos
de meu outono antecipado.



Meus olhos ariscos pirilampeiam
sobre a sensualidade receptiva
já tingida pela cor dos devaneios.



(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE MARÇO DE 2017)


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