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Mostrando postagens de agosto, 2019

*ECHARPE DE NONADAS* GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA

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Neste fim de tarde, Não existem letras, não existem sílabas, Não existem palavras, Os olhos miram pálidas sombras. ---- Este instante é uma melancolia única, nostalgia dupla, tristezas triplas, angústias e vazios múltiplos, pensamentos devaneando por abismos da ausência, ideias circunvagando os espaços e constelações de algodão, Tecendo o crochet da coberta de fios das verdades íntimas A cobrir-lhes do inverno imenso da sabedoria, Olhando as cores do arco-íris brilhando intenso, Envelados, camuflados, encapuzados em silêncio; ---- Momento de coisas terminadas Como se cada corpo, de carne e ossos, Desfeito em cinzas seculares, poeiras milenares Repousasse na vigília da decomposição, no sono de cinzas O exílio se reconhece Nesta desesperança de brancas páginas vazias, Nesta angústia de folhas empoeiradas, Imóveis e esbranquiçadas, imóveis e cinzentas, Entre as estrelas e a ausência de fôlego, Entre a lua e o suspiro, A vida não tem

#*XISÓLIO DAS QUESTIÚNCULAS#* GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA SARCÁSTICO

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Assoma-me que só subsisto em momentos de ápices Eternamente invulgares, elementarmente ímpio, Em minutos de egrégias anunciações de sentimentos, Até a consumação dos tempos "In Memoriam", Alvoroços e sensibilidades são distintos, Algazarras e silêncios são divinos, Como se experimenta no mundo, A veracidade é o isolamento, O exílio, Tormento dos volos e querenças. É o ser quem aporta sofrer e comover-se, Estremecer-se mesmo. ---- Terá aprofundado por integral em seu âmago, Integrado dele, pesaroso. Isto a que cognominam jazer-se É-me um inexecutável encavacamento, Exíguo confrangimento. Atinjo-lhe a profundeza, Alcanço-lhe as essências, Submergindo mais e mais No que está despontando em mim, Nos pedaços que vão caindo ao longo dos passos, Nas rugas que vão nascendo no canto dos olhos, Não alcanço perceber mais o termo isolamento. A comparência breve no tempo. Agenceio a singularidade no imo e alma. Atalham-me de ac

ESPERANÇA SOBRE O TRAVESSEIRO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA

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Deparo-me com uma esperança sobre o travesseiro. Não estou deitado sobre. Faço questão de levantar, sentar-me na cama, vendo-a andar de modo bem lento. Ergue, em primeiro lugar, a perna esquerda, dando um impulso – a direita move-se. Longo tempo. Desce do travesseiro, seguindo o caminho sobre o lençol. Beirada do colchão. Empreende um pulo. Não se machuca. Dirige-se ao canto da porta, trancada a chave. ---- Olho-a. Pára. Minutos inerte. Penso que, em consequência do pulo, machucou-se. Por determinação própria - se é que uma esperança determina-se – empreende alguns passos. Devido à dor de se haver machucado, não suporta mais. Morta? Insanos medos. Gritos sem culpa. Pranto que engole encontros ofertados. Em carne? Noites cirzem da paz os sorrisos. ---- Por que não amores sublinhando o que resta de evangelho? Se houvesse seguido andando sobre o lençol, não haveria de acontecer de se machucar. Poderia tê-la eu apanhado, colocando-a no chão. O objetivo, de sentar-me à