FOLHAS SECAS QUE FEBUNDAM A NOVA ROSA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA




Epígrafe:
"A priori, no seu habitat volátil e inconstante, na sua essência, o homem prepondera e rege com requerência a plenitude do amor, remontando e reflorindo seu remanse no existir" (Graça Fontis)
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Sou ninguém...
Sou homem-imperfeição,
Sou indivíduo imperfeito:
Viver assim dilacerado, multifacelado,
Escravizado a uma ilusão,
Prisioneiro de fantasias, idílios/
(...)
Não seja a vida sempre assim
Como...
A derramar melancolia em mim...!
Como que das experiências e vivências se chega às palavras?
Como que os símbolos, signos, metafóras
Iluminam os desejos do Ser?
Como que os sentimentos, desejos, vontades
Alentece a alma carente, solitária?
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Pudesse eu dizer a palavra "amar" inteira. À margem de todas as coisas. À soleira de todos os princípios. Quanto exílio em toda a vida. Máscara de amor como a maioria dos homens... Exílio. À busca do amor... Nem mesmo pensei. Não entendo de insistir. Não compreendo o verbo persistir. Vergonha. Timidez.
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Sentimento de culpa. Afinal, o que significou viver?
Ilusões, amor projetado ao além de medos, dúvidas,
Esperanças deambulando por universos, iluminando sonhos,
Numinam de cintilâncias de luz dos horizontes
Desejos, vontades,
A-lumbrando miríades do verbo Amar,
Perspectivando no espelho do ser, atrás das contingências
Do efêmero,
O ser-de-amor-buscas-e-encontros.
O tempo-de-libertar-medos-e-inseguranças.
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Comungando a pétala da rosa que des-abrochará no alvorecer, a flor da orquídea que esplenderá o seu perfume,
Com o húmus das folhas secas que febundam a nova rosa
Do há-de vir
Haja luz a resplandecer as sendas
- de beleza, versos poéticos emolduram nas imagens,
estrofes prosaicas a colorirem os traços, as linhas inter-ditas,
rimas son-éticas a sonorizarem o silêncio da flor de cáctus
Sob o frio noctívago do deserto,
Flashes do eterno,
Luzes, sons e palavras,
Unificando plêiades de metáforas de plen-itudes
Do "amar-amando-o-amor-do-ser",
Metafísicas de etern-itudes, exegeses de peren-itudes
Sarapalham no universo de estrelas brilhantes e cadentes
Imaginações e inspirações, espírito iluminado do ser,
A fé abunda as dimensões da alma sedenta de carícias,
Às efígies de símbolos ad-jacentes ao romance
De Cinderela e Don Juan,
De Rapunzel e Narciso,
De Sísifo e Branca de Neve,
Cenas bucólicas trans-figurando panoramas,
Re-fletindo no tempo de alhures,
Inicializando nas travessias do não-ser ao ser,
Do nada ao pleno,
O encontro das mãos, o entre-laçamento, a jornada unida,
O verso-uno aderido ao poema do sublime,
A-colhendo de sendo-em-sendo, nas antíteses e sínteses,
Nas teses e utopias,
A pureza, inocência
De outras veredas silvestres abertas ao espírito do vir-a-ser
Núncio de por-você, núncio de seu-ser,
Luz houve que revelou você,
Silêncio houve que verbalizou você,
Amar-verbalizando-o-ser-de-você-revela-a-verdade-do-amor-
por-você...
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Verdades, amor sentido...
Outrora, medos de amar, inseguranças,
Preso, enclausurado, enjaulado, algemado, acorrentado
Aos desígnios inconscientes do destino vida/morte,
Hoje, liberdade de amar o verbo amor,
Amar, entendi, é libertar o verbo da carne do mundo,
Saquei a liberdade ser elencar ideais, patenteá-los
Desejar a essência do corpo à busca dos prazeres da libido
De trilhar os caminhos da vida,
Ser o espírito do eterno-efêmero à eternidade perene...
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Este amor será alimentado, regado, nutrido,
Sigo os caminhos do campo,
Vou dar fim a tudo, ser o amor que em mim habita...
Ser o Nada que liberta das algemas, correntes de dogmas,
Ser o Vazio que compõe os sons de silêncios longínquos.
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É algo humano. Pouco da grandeza de evento épico. Helicópteros iluminando as nuvens. Realidade nacional. Trágico exército de forças caprichosas. Amar espalha vozes explícitas.
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Meu nome é Ninguém...
#riodejaneiro#, 14 de agosto de 2019#

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