GETHSEMANI# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Ana Júlia Machado: AFORISMO



Dia de experimentar aquela mágoa, senil frequentada, que não abate ossos nem fêveras...
Abate força, gênio...
Agonia. Existência.
Abate coragem, sonhador.
O oco, que ninharia é, vence o tudo que se aguarda que eu faça-se. Ou que creio ser.
Oco e sofrimento.
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Vazio e sonido.
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A comparência de uma recusa faculta o distinto, mas na ideia tudo é possível. Daí uma convicção sensivelmente persuasiva de que se o ignoto assim sojorna, preferível para quem não arrisca-se desmoitá-lo.
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Pois em seu átrio reside um intelecto já avelhentado, contudo ainda assustador... Dele alguns espíritos já se evitam e invertem do deus do mundo subterrâneo para verbalizar que não há lá muita disparidade do que se enxerga por aqui.
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Ouvindo essas almas, que se me exibem em devaneios, discrepar, chego à conclusão de que não é sofrimento o que sofro...
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É aflição, uma vontade de extinguir logo com isso e abalar rumo à labuta que não afadiga, ao tempo que não caduca e ao bem-querer que não carcome.
Empreitada para quando o monstro repousar, azule velozmente.
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O vazio in-audito das florestas,
vales,
pampas
e chapadões, orlas marítimas,
florestas
O vazio inter-dito das grutas,
Cavernas,
Despenhadeiros,
Grotas,
Crateras,
Vulcões,
O vazio inter-textual das serras e picos...
Metavazio de cujos mistérios da gruta erigiram-se desejos
Calientes, sonhos efervescentes,
Meta-nada imaginário cuja fantasia de significado
Imergiram profundo no abismo das sagas,
Sibilos altissonantes preenchem de ritmos, melodias e acordes,
Silvos en-si-[mesmados] corroboram princípios,
Colina de ipseidades e solipsismos, colina de facticidades,
Das heresias e proscrições, colina de melancolias e nostalgias,
Colina das transgressões e psicoses,
Colina das ousadias e esquizofrenias...
Colina de doidivanas, esquizóides,
Intros sentimentos e emoções pectivando as dimensões sensíveis
Da percepção e sexto sentido do verbo de intenções,
Que defectiva as ilusões de confins ser o porto onde
As constelações comungadas re-fletem os precipícios do não-ser,
Circunflexos cinzas de intuições, cobrindo
Proparoxítonos sons de hiatos revestidos de quimeras
Lúdicas,
Os planetas em uníssono exibem-se, esplendem suas luzes e trevas,
As ondas do mar projectam à distância espalharem-se na praia,
Em cuja profundidade habita a luz diáfana do crepúsculo,
Que precede o alvorecer, metafísica do nonsense,
Que precede o anoitecer, exegese do absurdo,
Que eiva as utopias do além ser,
O templo onde se encontra o cerne
Da reflexão sobre o vento que paira nos auspícios do abismo,
Da meditação sobre as lágrimas de chuva molhar a face
Chuvilhos umedecerem o corpo, sensações sensoriais
Do horizonte distante...
Alfim, o tempo o tempo mesmo de si verte lágrimas.
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Luzes da ribalta numinando becos sem saída, baldias alamedas, vagos jardins! Quem me dera agora ouvisse os sons, ritmos, melodias que se re-velam além dos domus do Monte Castelo, ""É só o amor que conhece o que é verdade...".
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Partículas de luzes de néon sob a passagem dos ventos pairam leves e serenas, leveza, humanidade do ser. Não vislumbro de esguelha, soslaio, de banda, bordas, nuanças, cume do Corcovado e Pão de Açúcar cobertos de neblina. Não penso os vais-e-vens, vis-à-vis, vice-versas de pretéritos e presente, subjuntivos e futuro, circunstâncias e situações, dialéticas do místico e contingencial, regências nos linces do tempo e da roda-viva das coisas, gerências nos ristes das línguas que pronunciam os silábicos sons das intelecções, contradições do abstracto e imanencial, deixo livres os sentimentos que pervagam no tempo, que vagueiam no espaço, "Servindo a quem vence o vencedor..." As ilusões de óptica do in-finito sarapalhado de paisagens que circun-vagam no deserto da solidão, vivendo sem um pensamento para amanhã... tendo todo o tempo do mundo.
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"Gethsêmani" do eterno re-versado ao instante-limite do nada
As quimeras silábicas e fonéticas do in-fin-itivo regenciado
De góticas imagens que deambulam no silêncio
Fecho os olhos, entregue por inteiro a sentir o friozinho
Agradável, o vento suave que me toca os pelos do braço,
Eriçando-lhes, o nublado do tempo,
Manhã ipsis litteris sensível,
Parentes, íntimos, amigos, conhecidos,
Houvera chuvilhos na madrugada,
Deixando suas flores nas sepulturas, orações,
Ouço nitidamente o pulsar do coração,
Sinto a respiração comedida, em estado de reflexão,
Re-fletindo as alegrias, felicidade que lhe habitam,
Cositas de coração mole, sonhador
Sonhando o preceder do sono, olhos pequenos,
Ínfimas a-nunciações de reflexos da luz,
Nuvem perpassando os recônditos do íntimo
Trans-cendendo a con-tingência, efêmeros e etern-idades,
Sonhando o alvorecer sob o jorrar das águas na fonte,
Sonhando o entardecer antes de quaisquer entardeceres
À luz das cores vivas do arco-iris que risca o céu
De confins às arribas...
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Noite estrelada, lua cheia.
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Onde as trans-gressões?
Onde as rebeldias?
Onde as ousadias?
Onde as irreverências?
Onde as insolências?
Onde as polêmicas?
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"Nalgum lugar do tempo!"...
Os equívocos do que não desejei deixei atrás,,
Deixei no episódio que fui as obtusas mazelas,
Deixei na paragem de onde vislumbrei
Nuvens pequenas assemelhando-se a brinquedos,
Deixei perquirições e indiferenças,
Larguei no desvio dos pensamentos
Os detritos das consequências
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Rua deserta, silenciosa.


#riodejaneiro#, 25 de agosto de 2019#

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