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Mostrando postagens de março, 2017

**CAÇA AOS PARVOS** - PINTURA:Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto

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"Um elefante incomoda muito a gente.../Incomoda", "Dois elefantes incomodam muito a gente... Incomodam... Incomodam..." Segue-se ininterruptamente. Imagino nesta manhã serena, clima agradável por haver chovido um pouco na madrugada, se fossemos acumulando os sapos secos atravessados na garganta, acintes que nos jogam na cara, palavras de não que nos sussurram ao pé do ouvido, atitudes que cometem contra a nossa sensibilidade, julgamentos, censuras, discriminações, quererem-nos como as pessoas são, ovelhinhas de rebanho... Nada dizemos, nada respondemos, ficamos em silêncio. Eis que chega o momento em que os sapos secos nos impedem a respiração. Quê destino inglório: morrer asfixiado por sapos secos! Mas não. Nunca houve quem colocasse uma gia sequinha, sequinha na minha garganta, sapo muito menos. Sigo a risca a lei do "toma lá/dá cá", e o sapo seco que era para estar em mim passa a estar na garganta de meu ofensor. Escolho as palavras devidas,

**OBSÉQUIO DE RÉDEAS E FARDOS** - PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto

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Bons dias! Relinchando, as idéias ficam mais íntegras, livres, isto para não dizer mais finas, dignas para um discurso na tribuna da Câmara Municipal, como resultado de méritos um solene banquete com todos os parlamentares de vestes a rigor, muito apetite para o menu, sede para uísques, vinhos e o excelentíssimo aperitivo de primeiríssima qualidade. Pode haver quem, com toda a empáfia, pergunte o porquê de ser relinchando que as idéias são íntegras e livres, o que relincha, o cavalo, não tem idéias, não é livre, tem um dono, é celado, montado, puxado pelo freio. Não sou cavalo para relinchar – pode ser que assim me considere, reconheça-me, mesmo assim tenho idéias, penso, sinto as coisas do mundo, vejo tudo o que rola solto no métier da política. Não seria que julgo a minha voz verdadeiro relincho, assim a estridência a identifica. Por que relincho?,pergunta-me alguém, ansioso por uma res-posta a critério. Como vereador, dizer que relincho é negligenciar meus valores, v

**SE A DITA DOS MILITARES ENDURECE...** - PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto

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Nova pré-ocupação – velhas tenho-as aos montes, não sei se os anos que ainda tenho de vida me possibilitarão resolvê-las a contento, verei realizado o que sonho -, trivial, pueril, abate-se sobre mim, mais uma a que me entregarei com todas as volúpias e ímpetos. Lembrei-me de repente que havia sido convidado para um jantar, após o lançamento de uma obra de cunho histórico, cujo tema era a “Ditadura Militar” – “Nunca ouvira dizer que a dita dos militares endurecia”, ironizando, disse ao historiador, autor da obra, caindo na gargalhada, minha índole cínica como sempre à flor da pele; não era pergunta para se responder em público, numa fila de banco, poderia afiançar-me que catuaba, ovos de codorna, Viagra não surtem efeito algum, a resposta mesma com todos os detalhes ser-me-ia dada noutra ocasião em sua casa, no escritório, na minha, no mesmo lugar, de porta fechada. Uma reunião de homens sérios, intelectuais de ponta e lâmina afiadíssimas, indivíduos engajados com a verdade.

**SUPERLATIVOS INTERDICTOS DA LÍNGUA** - PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto

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Caríssimos Senhores e Senhoras, O superlativo das coisas deixa muito a desejar, há sempre o "issimo" no final do termo, que posso elucubrar tranquilo e serenamente significar o mais alto nível, o máximo, diga o que disserem os críticos sobre não respeitar a Língua, a sua atualidade, por que teria de fazê-lo, é com a minha língua que me comunico, frescurites de gramáticos não me dizem respeito, refiro-me a "supra-sumo", conforme a nova ortografia como é que se escreve, seria "suprassumo". Para mim, é supra-sumo, assim entendo e compreendo, assim sinto como isto de ser o grande, o que supera o outro num piscar de olhos em tudo, é ridículo. Vós, quem estais nesta entrega de medalha de honra ao mérito, sendo eu quem a recebe pelo ensino da Língua Portuguesa, com a língua bem afiada, para poder criar a própria, do jeito que me convier. Já pensastes vós se eu quem criou um estilo de escrever as coisas diferentemente, usando ortografias já ultrapa

**CRÍTICO LITERÁRIO PAULO URSINE KRETTLI DEMONSTRA O BARROCO MODERNO NA SÁTIRA /**BERÇO ESPLENDIDO - CONTINGÊNCIAS DAS CORES**

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a) Há que se ressaltar que literatura, teatro e artes plásticas do barroco moderno perscrutam simbologia e realidade em metonímias sarcásticas, como em Sátira BERÇO ESPLÊNDIDO - CONTINGÊNCIAS DAS CORES. É como caminhar no arco-íris sem se saber ao certo da tonalidade de suas cores, quais são e como elas se formam no emoldurar da chuva. Diferentemente de Gregório de Matos Guerra, que satirizava pessoas e sociedade à época, Manoel Ferreira Neto satiriza o senso, o imensurável, o catastrófico, a combinação quase inconcebível do estar no mundo, demonstrando um desconforto tal, que requer o berço esplêndido, mesmo que não o tenha tido nas suas primeiras descobertas e inércias. Seria uma crítica ao hino brasileiro e às cores de nossa bandeira? Ou seria apenas uma simetria do ser ante a abundância do inacreditável da natureza ou o do urbano homem que se ensombrece de cores ao cair da tarde? Menstrua-se a natureza e ela goza sem o mesmo gozo dantes. E, portanto, as cores entram-se

**HOMÚNCULOS CINISMOS EM REVÉS** - PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto

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Se inicio dizendo o melhor seria se vós vos dignásseis a consultar no dicionário, de preferência o Aurélio, a fim de vos certificar destes termos com que ilustro os textos, intitulando-os, elucidando as páginas deste livro, tenho quase a convicção absoluta de que não haverá único leitor que não diga o prepotente, orgulhoso que sou, até aceitável, mas não tenho o direito de julgar-vos menos, denegrir vossa imagem no concernente à riqueza de vocabulário e linguagem, chamo-vos tão unicamente de analfabetos e incultos. Não tenho este desejo, posso garantir-vos, contudo se aceitais esta sugestão de consulta no dicionário, vereis o quanto se torna mais fácil a compreensão e entendimento das minhas intenções e vontades de expressão, através de uma linguagem culta, clássica, eivada de cinismo, sarcasmo, ironia, chegando mesmo a assumir que me inspirei em Machado de Assis, no prefácio que escreve em sua obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”: “Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da m

**HÁ SEMPRE DESVIOS E AUSÊNCIAS** - PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto

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"... por que não deixar os ventos da colina sibilarem, enquanto o lobo no pico uiva ao universo e a todos os horizontes..." (Manoel Ferreira Neto) Disseram-me sou demasiado ingênuo, o que de antemão concordei, endossei, cachaprei as digitais no tangente a alguns níveis da vida, da sobrevivência e da posição social, isto dizendo respeito a como lidar e tornar realidade as atitudes e ações de modo a satisfazer, en-cantar alguém. Jamais me fora dado estratégias para a obtenção destes louros e louvores que muitos sonham em alcançar. Por longo e inolvidável tempo pus-me investigar, avaliar tais estratégias, tendo-me sido empresa de grande fôlego, mas aprendi-as com distinção, não há noção do quanto por mim atingido fora, um tesouro inestimável. E se esta ingenuidade, que a ponto e natureza me toma por inteiro, trago-a dentro em mim, por motivos e inspirações das quimeras, ser através destas últimas, vale enfatizar por ser possível, em princípio, pensar e intuir a