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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

**POEMA FINAL - IN "DIVÃ EXISTENCIAL" - 29 DE JUNHO A 03 DE JULHO DE 1989** - PINTURA: GRAÇA Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto

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Post-Scriptum: Escrevera este livro há 28 anos. Confesso que me surpreendi sobremodo tê-lo escrito ainda jovem, trinta e três anos, e na época nem tinha condições de entendê-lo e compreendê-lo. Nasceu, entreguei-o ao Paulo Ursine Krettli. Dia 03 de fevereiro próximo passado, encontrei-o, depois de 20 anos de afastamento. Não me lembrava mais dele. Ao longo de um mês, após Paulo Ursine mo devolver, revisado, intitulado, DIVÃ EXISTENCIAL por ele, ainda com o Prefácio escrito por ele, empreendemos, minha companheira e esposa Graça Fontis, no projeto de lançá-lo virtualmente, sempre com novas caricaturas desenhadas por ela. Um encontro com a obra indescritível, emocionante, lembranças e re-cordações de outrora, as coisas vividas, não vividas, sonhadas, idealizadas. Era começado novo tempo, e nalguns momentos da releitura, senti presente e forte que esta obra era um tempo vivido e experienciado, inesquecível,outros horizontes, nestes excertos, senti "Até um dia, am

**LUCIDEZ - IN "DIVÃ EXISTENCIAL** - 29 DE JUNHO A 03 DE JULHO DE 1989** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto

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A lucidez é tão branca, branda, aberta - um vento secando os lábios, alargando a pele molhada. O orvalho da manhã - um longo clímax de timidez, preguiça, indecisão. Sinto uma rápida tristeza, que a preocupação de inalar a fumaça do cigarro faz-me esvanecer. A intuição de um amor existente no mais íntimo, é uma verdade ininteligível. E a consciência de um amor no mais profundo do espírito, é um real indescritível. (**RIO DE JANEIRO - IN "DIVÃ EXISTENCIAL" - 29 DE JUNHO A 03 DE JULHO DE 1989**

**PRÉ-[S]-SENTIMENTO** - PINTURA: Graça Fontis/PROSA POÉTICA: Manoel Ferreira Neto

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Agora começou a chover. Venta e faz frio. Meu corpo molhado treme e a tristeza é ainda maior. Nem percebi a tristeza chegando; quando vi, estava triste. Nunca manda um bilhete, um aviso de quando vai chegar. Caminho por ruas esburacadas e, por vezes, enfio o pé em poças d´água, com certeza contaminadas pelos dejectos que os transeuntes jogam. Minha alma está triste até à morte - a tristeza mergulha profundo no meu coração, consome-o. Meu eu agora é esquálido, magro, quase um nada e a tristeza não deixa de corroê-lo, daqui a átimos de segundos não mais existirá e como a tristeza é insaciável, em pouco tempo, tempinho de nada, tempinho à toa, á-toa, consumirá a si mesma, como as chamas ardentes do fogo sem nada onde se aderir; dar-se-á a metamorfose; serei uma águia, livre, leve, bom, e voarei para além desse chão lamacento, para além dessas nuvens escuras, e me fundirei, num amplexo de amor e carinho, com o azul infinito deste céu diáfano que meus olhos cegos já começam a ver.

**NA RELVA DOS OÁSIS** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto

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Quem sou, o que sou? Quiçá isto não tenha mínimo sentido, menor valor. Se sei quem sou ou o que a criação de quem sou faz-me ser, leva-me ao ser. Terei respostas para quem sou? Se hoje sou o verbo de meu ser, amanhã serei o nada do verbo. Se no ad-vir de futuros for o verbo de uma promessa, ah promessas! De quê? Talvez um dia eu venha a saber quem sou, o ser de mim se me revele trans-parente e límpido. O que a minha razão insolente, inquieta e ao mesmo tempo meiga e perspicaz sabe é que nada sei de mim. O que o meu intelecto irreverente, sagaz e ao mesmo tempo compreensivo conhece é que sei nada. Sou o quê? Não sei. Não sei se sou. Como os grandes valores do ser e do não ser são difíceis de situar! O silêncio, onde está sua raiz, é uma glória do não-ser ou uma dominação do ser? Ele é "profundo". Mas onde está a raiz de sua profundeza? No universo onde rezam suas preces as fontes que vão nascer, ou no coração de um home