*PSICANÁLISE DO INFERNO - IN "DIVÃ EXISTENCIAL" - 29 DE JUNHO A 03 DE JULHO DE 1989** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


O que mais dizer,
Se nada disse,
Nada mais direi,
Mas como dizer senão
Ser quase impossível versar o pensamento,
Versar as idéias,
Embora questionável seja
Re-versar as idéias, in-versar o pensamento,
Interessante serem sendas de só curvas,
A troca de dedos de prosa torna-se indescritível,
Pensamento torna-se sentimento,
Vice-versa,
Os dedos de prosa tornam-se reflexões,
Os "causos", quando e se os houverem,
Tornam-se projectos, utopias...



Se ainda não possais entender
O que é isto de dedos de prosa
Re-versados,
Faça a psicanálise do inferno
Para atingir a metafísica do in-audito,
Compreenderá,
Sem re-versar os dedos de prosa,
A poesia da psicanálise do inferno
Não se revelará,
Sonhos e esperanças são esvaecidos.



Palavras não irão vos convencer, persuadir
A entregar-se aos dedos de prosa,
À psicanálise do inferno,
A bem da verdade, não tenho esta intenção,
Só vos de-monstrar
Que me submeti a esta psicanálise do inferno,
É nos dedos de prosa que encontro o reduto da alma,
Embora saber haverá o tempo
Em que ao reduto da alma será acrescentado
O espírito deste reduto,
Haverei de recorrer à poesia...



(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE FEVEREIRO DE 2017)


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