**SUBJETIVIDADE - IN "DIVÃ EXISTENCIAL" - 29 DE JUNHO A 03 DE JULHO DE 1989** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Degustáveis os instantes, instantes-limites
Idéia, em princípio, simples, simplória
Gerando questionamentos, indagações,
Causando polêmica
A comunicação com as coisas é impossível
Não tem subjetividade
A comunicação com as pessoas é impossível
Tem subjetividade.
Falando sozinho
Praça Sete de Setembro,
Música no restaurante do primeiro andar,
Cantares de pessoas
Esperança embora frágil,
Pranto infantil no berço.



Esplendorosa a noite,
Clima ameno, vento fresco
A cerveja gelada no copo,
O cigarro queimando-se no cinzeiro,
Olhar perdido nos transeuntes
Que sobem a rua Rio de Janeiro,
Brisas da saudade alentando o peito,
Saudade de que?
Saudade de quem?
Ontem, esquina de Pernambuco
Com Santa Rita Durão,
Savassi,
Na mesa de restaurante,
A namorada dizia que nos últimos tempos
Tenho sido solícito demais
Todas as confidências, todos os apertos de mãos,
Todos os beijos, abraços fervorosos.
Marília foi-se embora de táxi, sozinha.



O poeta anuncia A ILHA,
Antes decantou o túmulo de um Homem
Chamado P.P. Brasil,
Agora, sentado à soleira de casa,
Perscruta a manhã
Saudades do rio de Araçuaí,
Saudades do amor não correspondido
Por Glória.
Toma taça de vinho tinto,
Inspira-se para criar mais um poema.



(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE FEVEREIRO DE 2017)


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