Sonia Gonçalves POETISA E ESCRITORA COMENTA O TEXTO /**POETA? NÃO POETA**/


Boa Tarde Manu!!! Só posso concordar com Paulo Ursine com certeza ele está certo, um poeta que se recusa a sê-lo, eu acredito que o poeta já nasce, não se faz, entende? Ainda que estude e se torne um bom escritor de versos ritmados, metrificados, sempre lhe faltará o talento da alma, contudo quem já o tem deve estar sempre estudando as diversas formas de poesias ainda que seja por simples aprendizado ou curiosidade literária.Você me intriga, por favor volte a escrever poesias rsrsr Escreve excelentes crônicas que são longas poesias eu digo viu? mas a poesia lhe faz mais lido, pelo simples fato que as pessoas não gostam de ler textos longos, se reclamavam das minha poesias longas imagine das crônicas as tuas são maravilhosas poéticas até a última linha, creio que extrai das entranhas dos deuses mitológicos e das figuras históricas que sempre menciona nos fazendo mais cultos e conhecedores, eu acredito nisso também, não acho que poesia sirva só para devaneios ela deve nos ensinar algo também, sobre a ortografia, sobre os astros que tanto falamos, aqui e ali vamos dando dicas nas metáforas e aguçando a mente e o espirito...Aplausos pra você meu querido...Beijos pra Gracinha também...Lindo desenho amei



Sonia Gonçalves



Não se pre-ocupe, Soninha Son, estarei sempre ousando os versos.
Estou cônscio de intrigar-lhe, intrigar a todos com as posturas com relação à poesia. DIVÃ EXISTENCIAL não elimina esta intriga, não se calará - não me resta alternativa senão continuar ousando a poesia. Certa vez, Jaime França, mestre meu e de Paulo Ursine, professor de Teoria da Literatura, Língua Portuguesa, questionou-me neste sentido: "Manoel, acredito que esta recusa da poesia seja por considerá-la devaneio. Largue mão dessa futilidade, um intelectual como você pensando assim". Como dissera no final dessa prosa: nas sinuosidades da prosa, ouso a poesia.



Manoel Ferreira Neto



**POETA? NÃO POETA?**
PINTURA: Graça Fontis
PROSA: Manoel Ferreira Neto



Estudante, desde o início dos estudos universitários, afirmava categórica e radicalmente não gostar de Poesia, não queria ser poeta. A ironia: no primeiro dia de aula na universidade, conheci o poeta Paulo Ursine Krettli. Volta e meia, Paulo Ursine questionava-me a razão de não gostar de poesia, gerando um debate de horas. Dizia-lhe: "Como ser uma coisa que não entendo, compreendo? Tenho sérias dificuldades de entendimento da poética. Sinto-me bem com a prosa, entendo-a, compreendo-a."
O grande problema disso não residia em relação a Paulo Ursine, tínhamos liberdade de debater, dialogar. O problema sério residia com relação aos colegas poetas. Sentiam-se negligenciados, menosprezados, subestimados. Julgava-me superior, a deusa era a prosa, poetas eram seres medíocres. Olhado de todas as bandas, soslaios, esguelhas. Insatisfações, raivas, ódios, mágoas, ressentimentos brilhavam nos olhos de todos. Foram-se as Letras, foi-se a Filosofia. Com a Filosofia, ampliei ainda mais o uni-verso da prosa.
Os questionamentos de Paulo Ursine não se calavam. Para alegrá-lo, garatujava versos, dava-lhe de presente. Dizia ele: "Um poeta que se recusa a ser poeta."
Em 1989, já distante do métier acadêmico universitário, submetendo-me a terapia, com todos os questionamentos de Paulo Ursine, decidi responder aos seus questionamentos sobre o porquê de não gostar de poesia, não entendê-la, não compreendê-la, em versos. Escrevi em cinco dias cem poemas, cuja eidética era a dialética existencial sensibilidade e intelectualidade. Entreguei ao Paulo Ursine o livro pronto, sem título. Participei tão logo minha mudança para São Paulo. Esqueci-me do livro, que só agora vinte e oito anos depois Paulo Ursine me devolve.
E, relendo a obra, re-colho versos fundamentais para a compreensão e entendimento de não gostar de escrever poesia, não gostar de ser reconhecido como poeta. "... não posso viver/sem o corpo de meus pensamentos...", presente no poema INTEIRO, sendo o "corpo" da obra, a partir desses versos torna-se trans-parente a razão da recusa de ser poeta, reconhecido poeta.
Apesar de, hoje, as dificuldades de entendimento e compreensão esvaíram-se com o estudo sistemático da Estética, da Poética, escrever poemas continuo não gostando nem um pouco, amo a prosa, vou às nuvens nas suas asas.
Nesta Antologia Poética, Prosa e Poesia estão no Divã Existencial - genialmente intitulado por Paulo Ursine. Sigo as sendas e veredas da prosa, a minha paixão insofismável, e nas sinuosidades dela ouso a poesia, apenas uma ousadia.



(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE FEVEREIRO DE 2017)


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