**CHAVE DO ARMÁRIO** - IN "DIVÃ EXISTENCIAL" - 29 DE JUNHO A 03 DE JULHO DE 1989** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


O armário era sem chaves!...
não foram perdidas, não foram escondidas.



Era sem chaves o grande armário
que guardava as minhas vestes limpas.
Por vezes,
olhava sua porta cinza sem chave!
Era estranho aquele armário não ter chaves.
Era esquisito observar a fechadura,
o orifício por onde introduzir a chave,
era um orifício virgem,
permaneceria virgem por sempre.



Sonhava muitas vezes com os mistérios
adormecidos entre os flancos da madeira,
mistérios insondáveis,
mistérios inauditos, tão simplesmente mistérios.



Como poderia lhes des-vendar?
Era um armário sem chaves.
Acreditava ouvir,
de dentro da fechadura fascinada,
maravilhada,
um barulho distante,
vago e alegre murmúrio.



(**RIO DE JANEIRO**, 25 DE FEVEREIRO DE 2017)


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