*ANTI-POEMA** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Sob a minha pena tudo vibra,
palpita, estremece;
tudo flameja,
até as próprias estrelas e astros,
e a minha alma eleva-se
à medida que este fogo penetra em mim,
deixando-lhe eu livre,
perpasse por mim inteiro,
Vislumbro sítios invisíveis,
Perscruto lugares inauditos,
Alumbro estesias dos desejos,
Deambulo alhures, algures,
Degusto o sabor do vinho
Taça sobre a cadeira.



Com certeza, há instantes que sinto bem
presente e forte
uma necessidade cada vez maior
de explodir a bomba do tempo
- bum, explodiu a bomba do tempo! -,
rasgar todos os verbos,
todas as sedas da metafísica da
Ilha de Itacetim,
sem colocar os advérbios entre vírgulas,
sem pôr as reticências... além as intenções,
mas não encontro engenho e arte;
sinto-me insatisfeito,
sempre pronto a inovar,
a ultrapassar-me,
Ruminante de partícipios e genitivos.



Aceno de soslaio para lua minguante,
não me esquecesse do brilho,
apenas a-nunciação que acende
o pisca-pisca da alma
que anseia o alvorecer do ser
à bessa do a-temporal que ludica
de miríades da harmonia,
sintonia,
sincronia
os anti-verbos do poema,
anti-poema do além-verbos.



Na lousa do imperfeito pretérito
os sentimentos encalacrados aos ideais.



(**RIO DE JANEIRO**, 26 DE FEVEREIRO DE 2017)


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