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Mostrando postagens de janeiro, 2019

QUEM SABE - DE TREM A MINAS GERAIS! GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto: PROSA

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Por vezes, lembranças surgem sem quê nem porquê. Surgiu-me hoje lembrança antiga. Na estação ferroviária em Curvelo(Centro-Norte de Minas Gerais), esperando o horário do embarque para Pirapora(cidade mineira conhecida como Cidade dos Pernilongos), ou o expresso do Meio Dia ou o dez horas da noite, sempre acompanhado de duas mães, Amélia e Maria ou Maria e Laurentina ou Laurentina e Amélia, mãe-Dinha não arredava pé de casa para nada. Particularmente, não gostava de Pirapora, eita cidadezinha maldita com os seus pernilongos. Dizem que até hoje é a mesma coisa. Para mim, era a mais bela viagem, bem demorada, era emocionante. Quanta vez, passei mal com os salgadinhos da viagem, mas eu era bem guloso. À noite, então, com os vaga-lumes à janela, curtia. Uma promessa da família não fora cumprida: ir ao Rio de Janeiro de trem. Todas diziam ser a viagem lindíssima. Não sabendo elas que um dia tornar-me-ia Carioca, casar-me-ia com uma Carioca, uma pintora. Nessas viagens, costumava escr

#ESQUEÇO-ME DE QUE FUI SEMPRE BLUES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA

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  Café bem forte, o cigarro no canto da boca, olheiras, vozes roucas, A glória continua saltitando pelos dormentes da linha férrea - o trem continua sua viagem atravessando montanhas, prados, levando passageiros para outros destinos, no mesmo ritmo, na mesma música, qual a da Maria Fumaça: "Café com pão/manteiga não", atravessando a noite até o destino, vaga-lumes à janela - Quiça no crepúsculo do vazio e do nada O condor pouse no domus da igreja da estrada, A águia pouse no jardim da pracinha da cidade, A gaivota pouse na tábua-assento do barco, Ritmos outros de solidões e silêncios sejam compostos Na lírica de "Ao seu lado, esqueço-me de que fui sempre blues", Sons outros de medos do ontem que embarca no vagão de amanhã Para o Eldorado, Colorado dos Enganos, "Não estou assim tão enfurecido por cometer os enganos da vida", Sejam compostos do hoje de nuvens escuras no céu De todos os tempos de nada à busca do absoluto Envolto no sudário de triste

#GLÓRIA VAZIA PELOS DORMENTES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA

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Chorei toda a noite Alma de sombras e brumas Crepúsculos de desejos e vontades Envelados de tristezas, melancolias, O trem da glória segue os seus trilhos, Passando pelas pontes, águas correndo Seguindo a trajetória dos caminhos, No alvorecer nublado, A glória continua na linha férrea Passeando vazia pelos dormentes, Nas ruas ainda desertas, os boêmios Levam a guitarra no ombro, Dedilham nos sentimentos das nostalgias Pre-cursoras das notas das utopias efêmeras A melodia do andarilho sem amor, sem rumos, Sem destino, sem projetos, O ritmo do nômade, de porto em porto, De cidade em cidade, Sem lar, sem residência, A estrada é a sua casa Os acordes do sonhador, Sem sonhos, sem projetos Gozando os prazeres da solidão, a alegria do silêncio Da vida caminhando, olhando os horizontes além Dos trovões da montanha, riscando o céu de raios estrídulos, Desfrutando os êxtases da angústia Da felicidade que não sentiu, do contentamento Q

#ÂNGULO DO ZERO OBTUSO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA

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  Se... Alma da vida Ó alma, alma minha! Minh´alma, eu carecia, Para atravessar o abismo cujo fim não vislumbro, E para durante a noite até Deus eu ascender, De construir uma ponte e em mil arcos a estender, Se em mil arcos não a estender, é que não engenhei o sonho. Se à luz das estrelas e luas Na noite de buscas de re-nascimento, Re-fazenda de idílios, sorrelfas, A alma mergulha profundo nos interstícios Do além, (Seria que a alma fosse assim dotada para este mergulho? Nada posso declinar.) Desejando a essência do espírito, A luz, que se esvaece no crepúsculo, Estende seus raios, Ainda que, entre-brilhos, de versos inconscientes, entre-meios, de estrofes imaginárias, Ao portal da eternidade, Soleira da travessia, Ângulo do zero obtuso, Prisma do nada elevado à quinta potência Por onde con-templar As ad-jacências do solene, sublime Desejo da perpetuidade, À mercê da posteridade Que nasce das cinzas da morte

SERPENTES PERSCRUTAM AS ADJACÊNCIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA

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Se no horizonte Brilha o sonho dos desejos, Êxtase da carne, volúpia do gozo, No verbo do prazer O corpo dança o fado do Ser Amor, Carinho, Entrega, T e r n u r a... Se no uni-verso Cintila a luz das esperanças, Difundindo de modo harmonioso Querência do absoluto, clímax do divino, Desejanças da verdade que res-plandece da liberdade que tremeluz No verbo lúdico dos sentidos, das percepções, das imaginações, das intuições, Sentimentos do eterno espírito do amor Esplendem de carícias, toques A sensibilidade da alma - Carente de finitos e in-fin-itudes - Alegria, Felicidade, Amor de sonhos do Verbo... Se no alvorecer As pétalas de rosas des-abrocham Exalam perfumes di-versos, ad-versos Seduzem os beija-flores a sugarem-lhes o néctar O porvir da beleza, do belo, O criar sendas por onde trilhar Estendidos nas sendas silvestres Do pleno à luz das utopias eternas Da verdade absoluta, O perfume