#ESQUEÇO-ME DE QUE FUI SEMPRE BLUES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA


 Café bem forte, o cigarro no canto da boca, olheiras, vozes roucas,
A glória continua saltitando pelos dormentes da linha férrea - o trem continua sua viagem atravessando montanhas, prados, levando passageiros para outros destinos, no mesmo ritmo, na mesma música, qual a da Maria Fumaça: "Café com pão/manteiga não", atravessando a noite até o destino, vaga-lumes à janela -
Quiça no crepúsculo do vazio e do nada
O condor pouse no domus da igreja da estrada,
A águia pouse no jardim da pracinha da cidade,
A gaivota pouse na tábua-assento do barco,
Ritmos outros de solidões e silêncios sejam compostos
Na lírica de "Ao seu lado, esqueço-me de que fui sempre blues",
Sons outros de medos do ontem que embarca no vagão de amanhã
Para o Eldorado, Colorado dos Enganos,
"Não estou assim tão enfurecido por cometer os enganos da vida",
Sejam compostos do hoje de nuvens escuras no céu
De todos os tempos de nada à busca do absoluto
Envolto no sudário de tristezas e nostalgias puras, solenes, sublimes...

O trem da glória
Continua seguindo a sua trajetória
Levando nos seus vagões os sonhadores do Amor,
Os idealizadores da paz,
Os mestres da guerra,
Solidão e silêncio caminhando lentamente pelos dormentes
Da linha férrea, acompanhando os vagões que dançam nas curvas de abismos...
Na manhã, os boêmios saem do "Bar das Ilusões",
Pós o café forte, cigarro no canto da boca, vozes roucas, olheira,
Levam no ombro a guitarra...
Por longos anos, o trem, cargueiros, passageiros, Maria Fumaça, presente, sentado no banco de mármore, alpendre de frente para os trilhos, a rua, ouvindo músicas, compondo com os caminhos as sendas e veredas, por sempre nos trilhos.

#RIODEJANEIRO#, 31 DE JANEIRO DE 2019#

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