#GLÓRIA VAZIA PELOS DORMENTES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA




Chorei toda a noite
Alma de sombras e brumas
Crepúsculos de desejos e vontades
Envelados de tristezas, melancolias,
O trem da glória segue os seus trilhos,
Passando pelas pontes, águas correndo
Seguindo a trajetória dos caminhos,
No alvorecer nublado,
A glória continua na linha férrea
Passeando vazia pelos dormentes,
Nas ruas ainda desertas, os boêmios
Levam a guitarra no ombro,
Dedilham nos sentimentos das nostalgias
Pre-cursoras das notas das utopias efêmeras
A melodia do andarilho sem amor, sem rumos,
Sem destino, sem projetos,
O ritmo do nômade, de porto em porto,
De cidade em cidade,
Sem lar, sem residência,
A estrada é a sua casa
Os acordes do sonhador,
Sem sonhos, sem projetos
Gozando os prazeres da solidão, a alegria do silêncio
Da vida caminhando, olhando os horizontes além
Dos trovões da montanha, riscando o céu de raios estrídulos,
Desfrutando os êxtases da angústia
Da felicidade que não sentiu, do contentamento
Que deixou no vagão do trem para lugar algum,
Rindo do tempo que não marcou de horas,
Do indivíduo que não traçou seus passos,
Laços, suas sombras,
As lembranças e recordações de outroras dos sonhos impossíveis,
O "Bar das Ilusões" aberto para a chegada e partida dos boêmios da manhã. Boêmios de baladas dos ventos e amores, boêmios do amor não correspondido, boêmios das melancolias...


Ora, tenho o verbo-sonho
Que se projeta no tempo
Re-vela-se imagem-verbo
Da Vida e do Ser,
Ora, tenho o desejo-esperança
Que se lança nos horizontes
Re-vela-se esperança-amor
Do Absoluto e do Eterno
Ora tenho a amante-felicidade
Que mergulha nos desejos de êxtase e volúpia,
Cheia de sol dourado, cheia de estrelas cintilantes,
Ora tenho a companheira
Que se entrega por inteira
Cheia de amor, cheia de caricias e meiguices
Mostra-me seu amor puro.
Re-vela-se felicidade-encontro
Do Prazer e da Alegria,
Ora, tenho a senhora-vontade
Da Verdade e do Divino,
Que se mantém como a mansidão das buscas
Pela fé
Que se re-vela verdade-[da]-vontade
De ser instantes da eternidade
Ora, tenho a vida
Que deseja, quer, sonha, espera
Ora, tenho o símbolo
Do Homem e a Vida
Que, em síntese,
Se entregam ao Verbo-do-Sonho-Amar
Ora, tenho a metáfora
Do Uno e Verso
Que se esplendem ao silvestre
Do Infinito...


#RIODEJANEIRO#, 31 DE JANEIRO DE 2019#


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