#ESTRO E DESVARIO DOS LOGRADORES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Altíssimo disfarçado nos paraísos, como eu, osco,
No estro e desvario dos logradouros;
Altíssimo, consciência, ubíquo, erudito, como eu,
Perniciosa omnipresença, velhaco polido em quaisquer loco,
Jumento lavrador em todos os assuntos,
Conquisto todas as carneiras grosseiras ou não,
De todos os submissos alvos ou negros;
Adopto todo o rebanho
– De extra, de longínquo, porque não me incluo nele,
Sou eu na transcendência das quatro patas,
Caracterizo-me nas duas retaguardas,
Pois neste dia pluvioso,
Em que as gotas d´água aspergem todos os acontecimentos,
A vulgacho baixa todas as renques,
Em comando ao colossal troço, que, sem beiras e afogadilho,
Abeirará ao abismo, eu serei o Guará Amaldiçoado, o Guará da Pradaria,
Consumando a proxeneta dos provectos algozes,
Ascendência e jaez de Fratricida, sem sustento nem indulto.
Os vendilhões do temp(l)o cresceram e se di-versificaram,
Hipotecaram a boa-nova, o novo homem,
Alugaram o brilho da estrela de Belém,
Que é esperança e fé dos homens por todo o sempre,
Exportaram, a alto preço, o ouro, o incenso, o petróleo e a mirra.
Meus ágeis dedos agem mi-la-gro-as-men-te
No ágio das multiplicações.
Eles dão ao diabo como brinde o sabonete de Pilatos
Que marca as trinta moedas de Judas.
As ondas enchem, entrechocam-se nas docas. Aéreos talentos fertilizados. Peregrino em divinos ardores. Geniais tempestades. De estrangeiro de poeiras seculares. Formas no ar. A sereia atravessa o deserto. Passei nu pelo campo de por baixo de chuva fina e fria. Livre de tudo.
Angústia acompanhada de medo.
Imagino que falo em vão. Também para não me ocupar e fazer a digestão. Pungente retro de um inferno que vivo. Solene sorriso. Gentil riso de nada. Amo as vozes que misturam o longínquo à distância.


#RIODEJANEIRO#, 18 DE JANEIRO DE 2019#

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