**DESCASCANDO MANJOCAS - PARVOÍCES DE MESTRE E CUCA** - PINTURA: Graça Fontis/SÁTIRA: Manoel Ferreira Neto


“There ain´t eggs in my bed...”
Bob Dylan – The Leeve´s gonna break


"Com este texto, escrito em 2003, nasceram as minhas sátiras. É a orgiem delas." (Manoel Ferreira Neto)


Bons dias!


Descascar pepinos, que maçada! Há-de se ter um esmero ilimitado com a faca, pois a casca é muito fina, tênue, caso contrário leva-se o pepino junto com as cascas, tira-se o pepino de circulação. A casca é tão fina que por triz não se vê o branco do pepino. O cuidado é tão grande que nem se sente a arte de descascar, os movimentos com a lâmina da faca, os pequenos trejeitos que se faz para ser só a casca a ser retirada. A arte da faca fica escondida atrás dos esmeros com a finura da casca.
Anos e anos descascando pepinos, pequenos, grandes, médios. Estava mesmo ficando irritado, enraivecido, aborrecido com esta prática, a arte da faca se perdeu ao longo deste trabalho – a minha arte é com a faca, desde o afiar no afiador, faço-o de olhos fechados, até o cortar, isto é o que me apraz em demasia, deixa-me extasiado de tanta felicidade - tornou-se lugar-comum, tornou-se vulgar, tornou-se insípido e insosso descascar pepinos, não sentia mais qualquer prazer, deleite, não mais me senti alegre com a faca passando na superfície lisa do pepino, tirando-lhe aquela película verde. Aliás, nem era necessário descascar, era servi-lhe com casca e tudo, apenas picado, com sal e azeite. Sem a casca era mais delicioso. Cansei-me de descascar pepinos. Era aposentar a faca, era colocá-la dentro da gaveta, condenada à inutilidade por sempre, a sua utilidade e especialidade era para descascar os pepinos. Como a coisa se tornou um tédio, não mais descascaria pepino, e se fosse comê-lo, não iria picá-lo, comê-lo-ia do mesmo modo como se chupa um caqui, nas dentadas vorazes.
O que fazer, então? A continuidade na utilização da faca se tornou tão quotidiana, um minuto sequer sem ela na mão é um martírio sem limites, tornou-se parte de minha mão, sem a faca não sentia a mão, sem a mão não me sentia homem, as mãos é que fazem as coisas, até mesmo as idéias, sem as mãos as idéias não existem, é preciso que elas as realizem no papel, no mundo. Não tinha a menor idéia. Não estava mesmo disposto a continuar fazendo uma coisa simplesmente por fazê-la, isto não tem qualquer graça, isto não tem qualquer tempero. Estava mesmo pensando em pedir demissão de minha função de descascar pepinos no restaurante, ir-me embora, tentar outra coisa que não fosse com a faca.
Por vezes, tentei convencer o proprietário do restaurante a dar-me outras coisas para descascar, podiam ser laranjas para suco, podiam ser batatas, podiam ser maxixes... Não aceitou, a minha especialidade era descascar pepinos, não se encontrava um fiapo de casca verde nele, os clientes apreciavam ver o branco, comer aquela massa branca com azeite e sal, sentir o gostinho delicioso. Não fosse eu a descascar os pepinos, os clientes reclamariam, deixariam de freqüentar o restaurante, em pouco tempo teria de fechar as portas. O nome do restaurante era “Restaurante dos Pepinos”, o próprio nome já indicava a sua especialidade, e só eu sabia descascar pepinos com engenhosidade e arte. Fosse questão de salário, aumentaria uns vinte réis, com o desconto na folha de pagamento para o INSS, receberia dezessete e setecentos, mas não podia deixar de descascar os pepinos.
Ademais, nos últimos tempos estava a sentir-me irritado com os olhares de esguelha de algumas pessoas, não porque tinham preconceitos, discriminavam quem descascava pepinos, era uma profissão muito nobre, exige arte e engenhosidade para descascar um pepino, mas sim porque isto de “descascar pepinos” se tornou uma expressão na boca de todo mundo, significando tornar público e notório todas as mazelas e pitis, acabar com a raça do sujeito mostrando a todos os seus defeitos, identificando a sua raça e índole, revelando as suas suciedades. Olhavam-me como se eu soubesse de todas as mazelas humanas, e, enquanto eu descascava o pepino real para a mesa dos clientes, passava em revista todas as mazelas dos homens, conhecia-as profundamente. Em verdade, não penso em nada, quando descasco pepinos, deixo à faca a sua trajetória de limpar o pepino de sua casca. Às vezes, até diziam: “Qual o mais novo pepino que existe? Vai descascar para nós? Estamos famintos para ver a brancura dele!” Nada havia a dizer, o silêncio era o mais conveniente. Jamais os pepinos alheios me disseram respeito, foram de minha alçada. E se fosse para descascar esta espécie de pepino, fá-lo-ia com os meus próprios pepinos, descascá-los-ia com toda a pompa, mas o branco dos meus pepinos não iria interessar a ninguém, é insípido e insosso, eu mesmo não preciso descascá-los, nunca tiveram cascas, são brancos por natureza e espécie.
Essa expressão sempre me pareceu muito superficial, isto porque a casca é superficial, é apenas uma película. Entendia isso como “tirar fora as aparências”, isto é, descascar os pepinos de alguém significa tirar-lhe as aparências, deixar-lhe com suas coisas nuas e cruas. Nada mais além disso. É óbvio que tirando as aparências, deixando as coisas nuas e cruas é uma coisa tão simples. Mas, além destas aparências, o que existe, o que há, o que tem lá nas pré-fundas da intimidade? Existem muitas coisas, e ninguém gosta de mostrá-las, de torná-las públicas, querem mesmo é que fiquem lá, não dizem nem ao travesseiro, tem-se o maior cuidado com o que é dito, pois que as palavras podem deixar várias e inúmeras insinuações, e quem é perceptivo e tem olhar de lince logo descobre as coisas mais comprometedoras. Haveria quem se importasse de se ver sem aparência diante dos outros? Alguns sim, pois que é o seu ganha-pão de todos os dias, sem elas não fazem nem para meio bago de arroz e meio bago de feijão. Precisam das aparências para sobreviver, para se prolongar no mundo, morrer por encontro imprevisto. Outros não ligam mesmo, não precisam delas para nada, se existem trata-se apenas de um descuido da estirpe. Mas o que existe além destas aparências, aí não há quem aceite, não há quem ad-mita, o descrédito público torna-se realíssimo.
As cascas do pepino podem revelar a presença das hipocrisias, farsas, falsidades, podem revelar os defeitos, arbitrariedades, gratuidades. As hipocrisias, farsas, falsidades mesmas ficam na superfície das coisas nuas e cruas, os defeitos, arbitrariedades, gratuidades são as sementinhas do pepino. O caráter, personalidade não são mostrados, apenas insinuados, a maioria das pessoas não têm olhos de lince para entrar neles e fazer o banquete platônico com os juízos e discriminações.
O proprietário estava pensando em novos pratos, a clientela estava aumentando, os gostos eram diferentes, queria servir a todos. Conversando com todos em suas respectivas mesas, pedindo-lhes sugestões para outros pratos, a unanimidade foi para a carne salgada, carne de sol com mandioca, que pegam bem com qualquer bebida, seja a cerveja, seja o uísque, seja o Campari, seja a aguardente. Mas não podia deixar nunca de haver o pepino. O pepino tinha de estar no menu de todos os pratos. Seria: mandioca e pepino. Tinha de encontrar um nome para este prato, um nome que chamasse bastante a atenção, só de ler no menu a boca do cliente já salivasse. O proprietário arrumou umas caixinhas, colocando-as sobre cada mesa, nelas os clientes deveriam colocar suas sugestões para o nome do novo prato, mandioca com pepino. Por uma semana foram recolhidas as caixinhas e todas as sugestões lidas com muito carinho e atenção. A unanimidade do nome recaiu em “Manjoca Pepinada”, que fora muitíssimo aceite pelo proprietário. A clientela triplicou, ninguém pedia outro prato para beliscar com a bebida senão mandioca com pepino, e para o jantar ou almoço carne de sol ou carne salgada com mandioca e pepino, cujo nome ficou sendo: “carne salgada à manjoca pepinada” ou “carne de sol à manjoca pepinada”. Aquilo de dizer que as pessoas são muito criativas é mesmo verdadeiro, quem diria que fossem criar um nome tão sugestivo, constituído unicamente da palavra “mandioca” como é pronunciada não apenas pelo vulgo, muitíssimo usada pelas celebridades e personalidades, especialmente pelos mestres da Língua Portuguesa, quando não estão na sala de aula.
Passei então a descascar as “manjocas”, os pepinos deixaram de sê-lo, eram servidos com casca e tudo, apenas cortados em pequenos tabletes. Descascar “manjocas” é muito mais interessante, enfia-se a faca na casca com gosto e propriedade, qualquer esmero é considerado uma solene tolice, a casca é grossa, é necessário até colocar força para a lâmina entrar nela. Apenas um detalhe: antes de tirar a casca propriamente dita, sempre passei a lâmina bem suavemente para tirar aquela casquinha seca. O mais interessante na arte de “descascar manjoca” é que saem pedaços de casca, não saem aqueles filetes como as dos pepinos. Sente-se a arte quando se coloca os pedaços da casca em ordem. Faz uns quatro meses que venho “descascando manjocas” para o prato “manjoca pepinada”, e sempre coloco as cascas da manjoca em ordem só para sentir a arte da faca ao retirá-la. É impressionante.
A paixão por “descascar manjoca” entrou-me na alma euforicamente. Sinto prazeres, volúpias, êxtases inomináveis, ininteligíveis, incompreensíveis. Sinto-me no sétimo céu quando tomo de uma manjoca e começo a descascá-la. Felizmente que os clientes dispensaram os pepinos descascados, preferiam com casca e cortados em pequenos tabletes, e eu fui exonerado do cargo de descascar pepinos, assumindo outro de muito maior importância, um cargo de porte, que é “descascar manjoca”. Só para despertar a sensibilidade: qual é mais pomposo de dizer: “descascar pepinos” ou “descascar manjocas”? Óbvio, “descascar manjoca” é muito mais pomposo, dá aquele ar de nobreza. E não é porque a palavra está na sua forma de uso público e notório. Fosse com a palavra oficialmente dicionarizada também chamaria a atenção, “descascar mandioca”. Descascar batatas em navios, que, até hoje, quando alguém o diz, não há quem não ria, não tem qualquer graça perto de “descascar manjoca” em restaurante de burgueses.
Há um pormenor ainda bem sutil que eu percebi quando iniciei a arte de descascar manjoca. O pepino não nasce debaixo da terra. A mandioca sim nasce debaixo da terra, tem até aquele gostinho de terra bem agradável nela, sutil, obviamente.
Aí, sim, enquanto eu descasco as manjocas na cozinha do restaurante, fico pensando com acuidade e ecs-clusividade na expressão “descascar pepino”. Em princípio, dizer isto era muito interessante, era motivo de galhofa das pessoas, era motivo de receio, alfim quais eram as cascas que seriam retiradas, seria que iriam retirar todas, ficariam branquinhas aos olhos públicos e notórios? Por um lado, haviam risos e galhofas, a expressão era mesmo interessante, mui interessante, tinha até um arzinho de nona maravilha do mundo. Tudo que é muito usado acaba perdendo a graça. Apesar de que a graça do pepino descascado já tenha caído do galho há muito, as pessoas continuam usando a expressão. Não riem mais, não sentem mais receio algum. “Descasquem os meus pepinos, mas lembrem-se de que eu existo”, tanto que a coisa se tornou corriqueira, lugar-comum. Pouco se importam com as aparências reveladas. Isto não “inflói” nem “contribói” com nada. Ninguém mais importa se os seus pepinos são públicos e notórios, se são motivos de censura, discriminação, preconceito da sociedade inteira, se o seu nome caiu no descrédito total e absoluto.
Se elas deixassem os pepinos de lado, aposentassem a faca de descascar pepino, utilizassem de outra faca, de uma faca própria para descascar manjoca? A de descascar pepino passava apenas na superfície do pepino, retirando a película fina que era a casca, a casca era bem fininha. Era preciso de muita arte e engenhosidade. Não se “descasca manjoca” passando a faca na superfície, é preciso enfiar a lâmina bem fundo. Já pensou descascar as manjocas alheias? Enfiar a faca bem fundo para tirar a casca! Tiradas as cascas das mazelas, pitis humanos, conhecer-se-ia bem o que estava na superfície escondido pelo verde escuro, que já era motivo de censura, de galhofa, de mofa, de risinhos de esguelha e olhares de soslaio, e fazia tremer muitas pessoas, enfim algo de sua intimidade estava público e notório, o nome estava sujo na praça.
Descascar as manjocas alheias não ficaria apenas na superfície, entraria pelas pré-fundas a dentro, arrancaria tudo o que estivesse trancado a sete chaves, exporia a alma nua e crua. As hipocrisias, falsidades, farsas, arbitrariedades e gratuidades, os comportamentos e atitudes espúrios, ou seja o caráter sendo todo mostrado, identificado, revelado, manifestado, aí sim era coisa bem preocupante. Não haveria quem ficasse andando pelas ruas e avenidas da cidade livre e espontaneamente, naquele arzinho de despreocupação total e absoluta, as vergonhas, os sentimentos de culpa e remorso, as responsabilidades com todas as falcatruas e tramóias estariam visíveis nos comportamentos de todos. Seria ou enfiar a cabeça de por baixo da terra e jamais tirá-la de lá ou fugir para bem longe do mundo, nalgum lugar que não fosse o mundo, para se livrarem dos olhares de esguelha e dos risinhos de soslaio de todos por as manjocas suas estarem públicas e notórias. Não haveria quem dissesse: “descasquem as minhas manjocas, mas lembrem que eu existo”; ao contrário, “esqueçam que eu existo, mas, por tudo quanto há de mais sagrado e divino, não descasquem as minhas manjocas”.
A expressão antiga é “descascar os pepinos”, querendo dizer que as pessoas não têm apenas um pepino em suas vidas, têm muitos. Se “descascar manjoca” se tornasse uma expressão, a coisa ficaria realmente muito complicada, haveriam muitas manjocas a serem descascadas, e quanto mais se lhes descascassem, mais o caráter e a personalidade se tornariam públicos e notórios. Ninguém mais sairia de casa, viveriam todos trancafiados em casa, só de pensar que as pessoas conheciam suas manjocas com perfeição e distinção, aí não era só a vergonha e a timidez que estariam neste naipe, os medos, os sentimentos de culpa e responsabilidade, elas eram as únicas responsáveis por suas manjocas. Esperariam a morte dentro de casa, jamais poriam as fuças nem na janela, pois alguém passaria e logo pensaria nas manjocas delas, e isso seria não apenas objeto de preconceito, discriminação, mas de risos, galhofas, mofas, e tudo o mais no sentido, pois as verdades dos outros sempre foram refrescos, esfria o calor das próprias verdades, que ainda as manjocas delas não foram ainda descascadas, mas possíveis de sê-lo, mas enquanto não sejam pode-se rir à revelia.
Na lida quotidiana em descascar as manjocas para o prato de “manjocas pepinadas”, comecei a imaginar se os escritores deixassem de lado o “descascar os pepinos” alheios em suas letras, o que lhes deixa extasiados, eufóricos, estão criticando e ironizando as condutas e posturas humanas com as suas aparências, e partissem para “descascar as manjocas” em suas letras, a coisa se complicaria bastante para ele. Com a primeira manjoca descascada, já estaria a-nunciado o seu enforcamento em praça pública, pois estaria metendo o bedelho aonde não deveria. Mas pensando bem, as pessoas podem ficar tranqüilas, não há escritor que descasque as manjocas em suas letras, isto exige e muito, exige uma coisa que é preciso ter mesmo, dom e talento, para fazê-lo com arte e engenhosidade. Descascar pepinos nas letras é apenas uma sombrinha de ironia e sarcasmo, é apenas esboçar um olhar de esguelha para as sementes dele que estão bem escondidas, um risinho de soslaio, aliás muito fácil de fazê-lo, não dá trabalho algum. Para eles embrenharem-se na descascação de manjocas, seria mister largar mão de sombrinhas de ironia e sarcasmo, e partir direto para a sátira, e isto é-lhes muito difícil de fazer, pois é preciso correr-lhes nas veias o sangue de Apuleio, Machado de Assis, Erasmo de Roterdam, Voltaire, e outros, conhecimento de filosofia, além disso agilidade e flexibilidade com as palavras, saber jogar com os sentidos delas, até adulterando os oficiais. Não têm esse dom. Aliás, em termos de letras estamos mesmo carentes de sátira na literatura moderna. Portanto, ninguém há de se preocupar, soltar pulgas e carrapatos de tanto medo de ver as suas manjocas sendo descascadas, de o caráter e a personalidade aparecerem pepinados no meio de tantas manjocas. Os homens de letras modernos não têm pedigrees para esta façanha. Felizmente que não têm. Se tivessem, seria um Deus nos acuda em nossa modernidade, só se veriam pelas ruas e avenidas, esquinas e pracinhas públicas, manjocas pepinadas ou pepinos manjocados, dependendo da agilidade e flexibilidade da linguagem e estilo destes homens. Esta época de manjocas pepinadas e pepinos manjocados ficou para trás, não se há possibilidade de resgatá-los, recuperá-los, pode-se apenas imaginá-los, lendo com percuciência e sabedoria, rindo a deus-dará, e sonhando que apareça um homem de letras que tenha estes dons e talentos da sátira deslavada.
Há-de se ressaltar e sublinhar que não estou sugerindo a ninguém descascar as manjocas nas suas letras, é mesmo muito arriscado, é muito perigoso, – já pensou alguém decidir descascar as manjocas dos políticos? Nem posso imaginar as conseqüências! - pode-se acabar na cadeia, condenado por todo o sempre à abstinência de manjoca, o que é sim um castigo bem merecido. O que aconselho mesmo é deixar as manjocas alheias sem descascar, todos têm direito inalienáveis de terem as suas manjocas dentro de si mesmos, o problema deles é quando estiverem no Juízo Final, como convencer e persuadir São Pedro que suas manjocas são da natureza humana, jamais haverá possibilidade de descascá-las para um prato qualquer que não seja “manjocas pepinadas”. Continuem descascando os pepinos, a missão de criticar já está sendo mui bién realizada, é suficiente para que as pessoas pensem e meditem sobre as manjocas existentes lá dentro, e cuidam de descascá-las por conta própria.
Até que se tivesse agilidade com as letras como tenho com a faca, ousaria descascar alguma mandioca, mas com todo o esmero e acuidade, fazendo só os leitores rirem, gargalharem, acharem graça de meu humor picante e ferino, mas não deixaria qualquer nesguita de caráter e personalidade das pessoas, que as pudessem identificar. Não tenho este talento com as letras. Vou continuar descascando as manjocas para os clientes comerem até virarem os olhos e não poderem nem mesmo levantar-se da mesa. Esta é a minha função de mestre e cuca. Já me sinto mui realizado, estou satisfazendo os clientes em seus gostos culinários. Antes ser livre descascando manjocas do que ver o sol nascer quadrado e a boca salivando de tanta vontade de uma manjoquinha.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE MARÇO DE 2017)


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