NA ABRUPTEZ DO TEMPO REPIMPAM AS BONINAS# GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira/Graça Fontis: POEMA




Aquém... Talvez...
No rabo do cometa, um grudado no outro,
Quiçá seja aqui a fonte,
Subjuntivo do verbo de revelar o suspiro
Acabo de empreender de modo espontâneo,
Simplesmente nas penas da asas da águia,
Admira-me o átimo de instante,
Seja o reduto do encontro do Silêncio,
Pós a perda, inda que efêmera,
Não o sendo, espectro ou vertente de idéias,
Consumadas as utopias de suas imagens...
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Aquém... Talvez...
Talvez agora de instante
Não seja fundo dos olhos a perscrutar o aqui,
Seja tão pouco desafinada a voz das excedências,
Aquém de reminiscências da glória, das sombras,
Rastros de des-conexas regências das transições,
Rastros de des-conectadas querências das travessias,
Aquém de ruminâncias dos prazeres, dos êxtases,
Pós de poeira das dúvidas, esquivas condutas,
Pós de poeira das fugas, indecisões
Da face real, reflectida na imagem do espelho...
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Aquém dos uivos de lobos
Nos auspícios da colina do nada vazio de limites,
Solidão, esquecimento... Existência,
O silêncio do bosque no seio da colina que o abriga,
Talvez...
Aquém de olvidadas as melodias pretéritas do pecado,
A fonte originária do destino a ser criado
Jorra solene e pomposa o oxigênio das memórias,
Hidrogênio das idéias, pensamentos, sonhos, utopias,
Poetizando o ser que alvorece nas montanhas
Onde as ondas do mar seivam a vegetação peculiar,
Onde as orlas se banham das prefundas oceânicas
Seres alados, seres rastejantes, seres peregrinos, andarilhos,
Cumpre a síntese, a água viva do destino,
O rio difícil das situações e circunstâncias,
À mercê das revelações da natureza...
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E quiçá
Talvez não seja a contramão das intempéries,
Talvez não sejam as revezes das sandices,
Quiçá sejam os lácios da derradeira última flor
As pétalas do verbo "Ser" das utopias e quimeras,
Quiçá o aquém se revista de outras vestes,
Estilo e linguagem dos traços
À mercê do figurino das intenções do singular...
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Quiçá de aléns que decursa a passagem do tempo,
Do alvorecer ao entardecer,
Quiçá de becos e alamedas que percursa
As cores da natureza a pintarem o corqui, dar-lhe cores...
Mudei de endereço, de espaços e redutos,
Mas não deixei a vida a si destinar à toa,
De idílios não caio nas amarras da tonga-longa,
Sou feito de quimeras, quimeras fazem-me,
Sou feito de equívocos
Que enlouquecem as margens da dúvida
De que salva o sonar das necessidades do descanso?
Acordar sentimentos interditos a sol-rizarem
As caliências dos raios,
Despertar sensações de silêncios e solidões
A luarizarem os brilhos, cintilâncias,
Sinto ilha o eterno das longínquas ilusões,
Sinto mar o azul à distância da visão das águas,
Sinto o útero de conceber e gerar ventos soprando as ondas,
Sinto-me vers-iculando as melancolias
Do verbo das Utopias,
Balada do além-quiçá...
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E digo sim aos vazios
A verterem do lago produtivo
De valores conjunturais
E não tão longínquos dos abraços intuitivos
Mas específicos e tidos como mola-mestra
Ao impulsionarem construções ou des-construções
Ás máximas clareantes e distintas a apropriarem-se
Do percurso a reger as decisões dos dias
Que se seguem,
Tendo-as como eixo fundamental dos pensamentos
Explicitados no mais breve e incisivo
Pensar legítimo e equilibrado
Na abruptez que o tempo reserva e aprova
Com o passar das reviravoltas
E transformações que os tempos verbais contemporâneos
Proporcionam,
Atenuando posições tardias ou presentes
Até o vir-a-ser ao desgarrando-se
Além das contingências
E repimpando sobre a irrepreensibilidade
Na manutenção digna da liberdade
Convertida em tempo de si própria
Que psicossomatizado corre de braços dados
Ao sol susceptível as boninas que advirão...


#riodejaneiro#, 02 de agosto de 2019#

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