#IDÍLIOS QUE POR DENTRO PULSAM# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA




Ruminâncias de glórias e conquistas,
Espectros de pensamentos, perspectivas de sabedoria,
Além das colinas onde ventos gerenciam
O fundamento do ser que a hora fulgura
Na ampulheta sobre o parapeito da janela
O raio de sol nela refletindo
Aquém das esperanças de sonhos reluzentes
O orvalho da noite que alentece o sono,
Provido da vontade de adormecer,
Resta a utopia do eterno que é sempre um dom
Solto num mundo largo, na abertura da terra
Perdidos os prismas de visão da amplitude
Da ausência de sentimentos e ideais,
Abandonados os silêncios e razões dos medos,
Decepções, fracassos, derrotas
À revelia dos trambiques, safadezas de interesses,
Ideologias chinfrins, princípios retrógrados,
Escusas as idéias e fantasias da verdade,
Hipócritas os pensamentos que perscrutam
Alegrias, prazeres das condutas honestas, dignas
Esquecida a humanidade do toque de mãos,
A solidariedade do olhar, caça ao brilho de serafins,
Mundo largo, extenso,
Onde a fonte a jorrar água fresca?
Deixemos a largueza e extensão aos outros
Já que o querem sem limites e fronteiras,
A esmo de cancelas, porteiras,
Vazias as mãos, se um sonho pode oferecer-nos
O gosto do sonho, imagens levam na palma
Do tempo o que as preenche de movimentos,
Atitudes, ações tecem o crochet de desejos,
O desejo espera de braços abertos a esperança,
As volúpias do saber querem o clímax do
Sentimento de conquista, a felicidade do Ser,
Ver outros mistérios, con-templar outros segredos,
Vislumbrar os idílios que por dentro pulsam
De silêncios e vozes do perene,
Algazarras e inspirações do imortal,
Correr ao vento sob a brisa vespertina
Após tantas visões, humano sentir o melhor
É estender as mãos aos perpétuos desejos
De humanidade, a entrega às "virtudes", à "liberdade",
À "consciência" das honras da intimidade sublime,
Deixar o mundo existir, con-sentir a vida ser
Flexível ao canto da verdade, ao cântico da cáritas,
À música da koinonia,
Superior à poesia, o prazer da liberdade
Do destino criado e tecido à luz dos valores eternos,
Colher na maresia mensagens,
Notícias da vida por viver
Ou da inconsciente saudade de quem se é,
Em solitude ecos refluindo ondas minúsculas
De outros sons, cada exílio em muitos se esplendendo
Existir é um exercício de investigar de vida
Vago indício ou anúncio a provar que,
Vivendo ao som das asas do pássaro a sobrevoar o mar,
À sombra da árvore, nas margens do rio,
Nas beiradas das estradas,
Fonte de luz, amor que afunda bem o balde no poço
Para apanhar a água que mata a sede,
Salva-se ao prêmio de uma balada,
Delir dores, angústias, tristezas,
Erguer-se em arco sobre abismos...


#riodejaneiro#, 14 de agosto de 2019#

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