#SINAIS QUE REGENCIAM A VIDA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Graça Fontis: PROSA




Sacras as vazias vertentes dirigidas ao crepúsculo, desnudos vestígios de sombra da calçada onde verdades mais secretas regenciam as quimeras da sabedoria, gerenciam os idílios do conhecimento, onde algazarras desatinadas com o lapso das coisas pérfidas ou nulas a ensaiarem os desvarios implícitos, a sede de certezas infinitas, volúpias vorazes nem nunca mais aferidas em nobreza convertida no tempo e fora dele, seria que houvesse algo fora dele?, em sinal no rosto de alguém, a fome encarniçada do que me preenche as faltas e falhas, carências inestimáveis, no solo ardente porções de minhalma, por que o nada e os ventos, e não ao contrário, quando os ventos sopram o nada, segundo rezam e professam as tradições mais elementares que me sussurram nos ouvidos os princípios do juízo sinistro e a inteligência misteriosa da verdade e in-verdade. Conquanto que evidencie os caracteres in totum da espécie sábia e que saia destes templos onde tem sede a infalibilidade tradicional do gosto: a opinião pública a partir de então comporta uma opinião a mais e repete com um eco centuplicado o que esta voz proferiu.
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Profano e sinistro o nada é um pequeno coração pulsando, muitos têm vontade de deitar a cabeça no peito e ouvir as pulsações e encher o ouvido de sons, ritmos, melodias, com a intensa música, já nasce arte, já nasce liberdade de criar-se. Penso isto todos os dias, olho pelo terraço para o pedaço de praia com mar e vejo as espessas espumas mais brancas e que durante a noite as águas avançaram inquietas. À medida que tento interpretar o significado do silêncio e da solidão em segredo e à medida que averiguo a sua verdade.
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Eis todos os sinais sensíveis que abruptamente se instauraram no meu caminhar distinto as tantas conspirações suscintas ao racional fragmentado até às visceras nos intervalos que partem o homem em dois, ou seja, cuide-se nas próprias obssessividades ou torne-se abrigo transcendente à humanidade alojado à beira do mundo onde possa abraçar o universo distante dos abismos intrigantes e mais perto das particularidades formadoras das mais novas histórias fertilizadas pela intensidade e densabilidade na proficiência capitalizadora do título inglório de cujos componentes são subjetivados o medo, o desagradável até o desconfortável rumo ao desconhecido incerto registrado no profundo do que lhe aguarda as noites com toda as suas veredas postadas na ira do tempo a luzirem na carne que tange os homens acossados e presos pelos laços da angústia como sentença universal nas mãos ditas do destino.


#riodejaneiro#, 02 de julho de 2019#

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