#LÍNGUA NA PONTA DO RISTE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Graça Fontis: PROSA LEGÓRICA




Sil-ente é o sublime.
Sublime é o som
Da cor-agem do singular,
Autêntica, a língua na ponta do riste,
Admiro-lhe...
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É-me a inspiração nalhures de instantes
A ouvir músicas, sentir-lhes os sons,
Nalgures de circunstâncias
Quotidiano das coisas, objetos e homens,
Rasgar as faces, revelar o rosto,
Mesmo que fora de mim, a fora os vazios,
É-me a inspiração do Verbo Ser,
Claves, notas, sons, ritmos, acordes
É-me o silêncio
Desde a inter-dicção
À eloquência
É-me a liberdade
De estender as mãos
À dilecção....
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E ao entregar-me ao alicerçamento provinciano da vida,
Na palidez do desprezo do tempo,
É um pender-se no sempre prontificado, a tu, a eles,
A vós,
Contornado pelos ângulos, elos indecifráveis eclipsados
Nas angústias invisíveis com cara de ancestral,
E onde ao domínio dos olhos macabros,
Ao ardor das chagas,
Coube-me a estruturação no contínuo do silêncio,
Dentro da própria imagem,
Já averiguada no meu oculto
Incendiado pelas emoções camufladas nas dúvidas
A sondarem vozes no tempo solícito abreviado
Para que meu refúgio resuma-se na linguagem
Obstinada a transbordar cristais liquefeitos
Diretos do coração na ausência dos vultos engodantes
A habitarem decrépitas ruínas babilônicas
Que na abstração sondam,
Queimam e devoram assimétricas aos
Caminhantes sonados
E grandes sonhadores ,
Mas não estão inertes ou plácidos que, condicionados
À simplicidade pede, um tempo...
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Liberdade pequena e obscura do mundo?
Minha liberdade curta e enquadrada?
O que sinto e vivo envolvem-me espessamente,
Não há noção do quanto, mesmo as imaginações férteis,
Acho riso na inspiração de riacho sem correnteza,
Inda úmidas nas íris das lembranças e recordações
De momentos tão preciosos - que visão inestimável!,
Impregnado de surpresas e encantamentos,
Leva-me nas águas um rio difícil,
Rio do desprezo por me vir rolando na correnteza,
A menos que permaneça de barriga para cima,
Perscrutando as nuvens brancas deslizando no céu,
Que magnificente re-flexão - não meditaria, isto só de barriga para cima, sendo levado pelas águas - sob ser levado pelas águas do rio difícil,
De barriga para cima re-fletindo a inspiração da liberdade
No bosque das angústias, moléstias psíquicas, medos,
No bosque das interdições, das re-velações,
No vale das verdade, in-verdades, mentiras e trafulhas,
Morrem as hipocrisias, farsas, falsidades,
Re-nasço-me cor-agem das mãos na cumbuca,
Re-nasço-me entrega à querência do singular.
Ando nas dificuldades dos caminhos,
Das "dificulidades" dos ziguezagues das vias,
Ando nas pequenas vias das sendas
E vou repousar de por baixo de alguma árvore
Sonar os sons do bosque na intimidade de instantes pretéritos,
Aquis e agoras presentes, sonar o som do "eu" e "tu",
O nós de nossos desejos e sonhos com as mãos na cumbuca
Das artes enfiadas, ,
Sonar os sons do bosque de nossas ilusões, quimeras,
Sonar os sons do bosque de nosso amor, de nossa entrega,
Por que olvidar a lua, as estrelas?
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Além da inspiração, nada vazio de utopias,
Além da inspiração, o vazio do bosque esquecido,
Além da inspiração, silêncios de sons dos sonhos,
Estou no bosque do des-conhecido,
O nada esplendendo-se por todos os sítios,
Vegetação predominante em todas as regiões,
Estou a criar versos, importa a sombra
À soleira do caminho percursado, ei-la irreverente
Nada traz no bojo as palavras, o som e a algazarra
De suas ruminâncias, inter-dita a luz, subdito o silêncio,
A indecência das idéias, uivos e sibilos,
Há sempre brilho na luz,
A luz do nada é o nada,
Criar e abraçar a amplitude,
O abraço a envolva toda,
Criado de atitudes, de mãos na cumbuca
Levo a LUZ, a VELA, as CHAMAS.
Con-temploro as veredas por onde vou trilhando passos.
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Sacras, por vezes inda profanas, as idéias e sentimentos ardorosos e calientes que residem nos interstícios da alma, por vias herméticas, complexas, nós górdios estabelecendo na garganta, a voz enroquecendo-se ou sendo interrompida por alguns milésimos de segundos, vai se esplendendo a todos os cantos e recantos, demandando o cândido alimento, seivado de sabores inebriantes, que a alma faminta roga a todos os pulmões e fôlegos, o pecado cristão, jungido ao mistério pagão alanceia a tristeza sob o céu flamante, o tempo é, quiçá, ingrato e funda é a nostalgia das origens e germinações para que se justifique a absurda surpresa com estas idéias e sentimentos ardorosos, pronunciar-lhes os versos ambíguos e reticentes, in-versando o que de sensível habita-lhe as entranhas, re-genciar-lhe as estrofes ad-versando as perspectivas de degustar o sabor disto, re-verenciando o que de quimérico é semente....
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Verborréias... Falácias... Sacras e profanas, por nada poder o olvido na contramão, antemão às revezes do sem-sentido apelo do Não, esqueceram-me as idéias e sentimentos, oscilo entre o espelho e a memória em dissipação...
#riodejaneiro#, 02 de agosto de 2019#

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