#NAS FONTES DE RUANÃ CHUVILHA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/Graça Fontis: POEMA PROSAICO






Luz de candeia
Cria imagens na memória,
No ser:
Sombra de imenso arvoredo
Canta tenras, singelas
Canções de ninar às flores,
Dedilha nas cordas do violão
Baladas românticas aos carentes,
Águas em arco-íris,
A inspiração reluzindo,
No céu
Vasto horizonte, pleno infinito
De brilhos resplandecentes,
As cordas dágua deliram inda poucochito mais, nas fontes de Ruanã chuvilha, eis o mundo chuvilhado, eis os chuvilhos cristalizados nas folhas das árvores, se balançar-lhes, esplendem-se; assim lúcido, severo ou assim desolado, desambientado, a matraca matraqueia nos ouvidos, o mundo não tem sentido, os indivíduos abestalharam-se, atoleimaram-se com suas hipocrisias, farsas, mentiras, falsidades, o que mais queira-se acrescentar, seja dica, deixo-me à deriva olvidar de lembrar de revertê-las, deixo-lhes a esmo esquecerem-se de inverter-me as memórias, o mundo não vale a pena, se a pena existisse... não existe... valeria a pena a re-produção no mundo daquilo que a terra efetivamente tornará cinzas? Se pecado é ter nascido e provar, entre pecados, os que não foram doados gratuitamente... as dúvidas multiplicam-se, criam outras raízes, dúvidas perpétuas, a neutra satisfação de alguém sentir não há respostas, inda que efêmeras fossem...
Estrelas,
Nas montanhas pairam-se
Os ecos desesperados
Da humanidade,
A lua perde um pouco
Do brilho milenar,
Do resplendor secular,
Da magnificência fugaz,
No brilho das estrelas solitárias
Esparramadas, espalhadas pelo céu,
Pelo infinito,
Eterno é o desejo do sublime. Eterno é o figurino que esplende sua performance no palco, e fico pensando o tanto que me perdi, desorientei-me, vaguei perdido por terras desconhecidas, perdi-me em não pensar os desvarios perpassados por sombras obscuras e obtusas, glórias afligidas de se tornarem imerecidas, o tempo inédito se a-nunciando e negando, não quero ser senão eterno... a alma barroca não perde tempo em rogar conforto, roga-lhe de joelhos, mãos postas, mas só vê o frio noutro frio...
A solidão humana em sua trajetória,
Em busca do encontro da Liberdade,
Do Sublime, do Ser...
Nas pradarias os murmúrios
De angústia e tristeza
Dos homens,
Há nuvens escuras no céu,
Há casais encantados sob a beleza
Da Fonte Luminosa jorrando água,
Abraçando, beijando, promessas ao luar....
Não pense ser desespero nem depressão na falta do equilíbrio as adversidades, impulsos acima das coisas que a natura mutável sugere ao jardineiro em seu ofício diante do ganho e das perdas à hora da colheita quebrada pela tragicidade à espreita do novo sol que o aqueça quando tudo parece sombrio no delicado e malicioso tempo que as peles trazem espinhos e até afagos renegam e com abismática visão do crível desde a origem dos leitos de rios e mares a secarem num distante horizonte correlativados nesse jogo inexorável da vida quando desaparece.
O círculo vazio, onde quer que se lhe estenda, ao mundo converte em um abismo, o preço não se lhe avalia, a perdição é inevitável, o preço exato das paixões e dos ócios, amores e preguiças, nada pode re-verter este quadro ou processo, como se lhe queira, desprezível, esvaecem-se no sonho da existência, sem ciência nem ironia, nostalgia rara, a serenitude do sorriso, a alma queimando-se no fogo das maledicências... coisas bem antes dos homens, coisas de pretéritos inolvidáveis.
A pena deserta, fonte de eterno frio,
Corto o frio da folha,
Sou o nada que me fecho.
Oratório vazio...
Templo de arquitetônica vigília...
Vou-me re-colher à fonte
Onde as enguias se recolhem...
Se não o sei, se o sei,
O que importa são as águas frias...
Aspiro o fumo antigo das tabernas,
A última estrela
Bale perdida
Na enchente de luz,
As águas fixam-se inertes.
#riodejaneiro#, 03 de julho de 2019#

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