**HARPA DE RAVEL** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Não são pretéritos
re-visitados, re-visados,
Que pólen possibilitou-me a vida,
Eis este instante, não único,
Vários efemerizaram-se,
Vários re-nasceram do éter,
Cujas impressões,
Sensações,
Percepções,
Intuições,
Perfumadas do botão
Oculto no jardim da vida,
Que casulo me resguardou do tempo,
Eis-me aqui-e-agora,
Re-vestido de gestos poucos,
De atitudes imensas,
Do instante presente,
Para a luz de tudo que respira,
O mármore é mov-imento,
Quisera ser sábio, analfabético,
Ignorantemente sábio,
Para des-vendar, des-velar
De-cifrar enigma futuro.


Encontro a rima perdida,
a origem, o despertar,
tornando sensível o in-visível,
tornando re-cord-ação
preteríveis, preterizados
sonhos, ilusões, utopias,
a palmeira a re-fletir
as primeiras luzes da manhã,
Rimas pretéritas - pedras atiradas ao rio,
Impulsos para outras ad-versidades
nas di-versidades da vida efêmera da flor
ser essência, cor, olvidamento,
presenciando as inestimáveis cores da inocência,
multiplicado em linguagem, estilo
de amadurecer,
de crescer,
sob o sol de utopias e esperanças,
sonhos e ideais,
e no lago de miríades de místicas imagens,
o silêncio baila
ao som da cítara e da harpa
de Ravel...


(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE MARÇO DE 2017)


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