**ÁGUA DAS HORAS** - PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto

Ao meu enteado-filho Leonardo Fontis com carinho, amizade, amor.

Há-de ser assim

- como toda força do destino

livre das grades

como horizonte trans-formado

em incandescente aprendizado.

Haverá de ser

lento e árduo re-conhecer

de mim mesmo.

Ao sopro do des-conhecido

restam muitas fronteiras e idiomas

a serem convertidos na voz.

Há um túmulo sem flores,

um porto sombrio - não me sinto feliz

Por esquecer-me do tempo, das horas...

Um rastro sobre o mar

Há uma porta aberta para a noite,

para a sabedoria do sublime entardecer,

e aroma que conheço

para a aurora.

Deparo-me re-fletindo,

re-fletido em tudo, sobrevivendo

persisto em minha meta,

Se me calo

- absorvo abismo e alturas,

Deus e o Diabo

choram o meu riso

Sorriem a minha dor.

Faz bem ao destino

Re-juvenescer, prolongar a vida

Embelezar o mundo.

(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE MARÇO DE 2017)