**ORIGEM MÁGICA E REMISSÃO DE TODO SER** - PINTURA: Graça Fontis/PROSA: Manoel Ferreira Neto
Entre a perspectiva e a imagem o que inserir, in-troduzir para os
propósitos serem a critério real-izados? Entre a imagem e a perspectiva o que
colocar para re-presentar, figurar e pré-figurar os sentimentos que me
perpassam por inteiro, intuição, percepção, imaginação que vêem à luz da razão
e intelecto, não só eles, mas também o que no brilho das retinas se a-nunciam
límpidos e verdadeiros, na perspicácia do ouvir que transformam os sons das
palavras em melodias, ritmos, musicalidade? Encontrado o objeto a exercer sua
específica e peculiar função, sui generis e original enredo de sentidos e
significações, aquém das metáforas, símbolos, embora a importância inestimável
delas, como fazê-lo entre a perspectiva e a imagem, vice-versa, de modo que as
idéias, linguagem e estilo se comunguem com perfeição, adiram-se no espírito de
buscas e querências, reúnam-se na alma da crítica e considerações
intempestivas?
Eis os questionamentos de intróito, essência, de espírito e ser, que me
apresento e mostro, ao estilo e linguagem de um espelho em cuja superfície
convexa se manifesta a imagem em todas as suas perspectivas e ângulos, desde a
a-nunciação das origens, aos caminhos percorridos, eivada dos mais sublimes e
singelos desejos, ainda não conhecendo o que no íntimo trazia, no tempo se
mostraria, até o crepúsculo, conquistas e glórias inestimáveis, não esquecendo
os contornos, sem quaisquer pré-ocupações de os raios de sol incidirem sobre as
miríades do sentimento e da emoção, da contingência e da espiritualidade, divino
que assim seja, nada melhor para se mostrarem transparentes, olhando na concha
de minhas mãos, se a brisa da manhã de inverno molhar a superfície dos
sentimentos verdes, nascidos puros e inocentes, tão lívidos quanto as folhas
das árvores, con-templando-a e con-templ-orando-a nesse instante preciso em que
desenho, arquiteto, artificio e ornamento os caracteres e símbolos de um tempo
ido, jamais esquecido nos anais da alma e do coração, nessa página vazia de
minhas contingências, inocências e ingen-uidades em que busco outros horizontes
e uni-versos de minha sensibilidade e espiritualidade ao longo de tantos anos,
anos de prazeres, alegrias, sentimentos de realização, instante de
renascimento, de inovação, de renovação, tudo ainda por vir, por sentir, por conquistar,
por ser - há tempo para todas as coisas, para iniciá-las, para findá-las, nada
é eterno, tudo acaba, aproveitando de algo que me disseram a respeito da
renovação da obra de um escritor, assim respondeu à pergunta que lhe fizeram; a
esperança de se re-velarem dia mais, dia menos se concretizará -, de meu ser e
de minhas quimeras do sonho e da utopia, fantasiando e sonhando sentidos
profundos, quem não o faz com êxtase e volúpias, quando se entrega a labutar
pelos sonhos e utopias que se lhe anunciou, na sua continuidade as revelações
se id-ent-ificam, significados que id-ent-ificam as trilhas de meu espírito,
eivado de utopias as mais di-versas, situações e circunstâncias, sedento de
outras verdades, de outros renascimentos de fé e esperança,
desejo
a todas preenchidas de in-ovações e re-(n)-ovações,
quero,
sentir os “in-versos” ventos de meu espírito,
as “avessas” brisas de sensações primevas,
aspiro e anseio
sentir bem profundo os versos de meu ser,
as rimas de minhas entranhas,
as estrofes de meus abismos sem confins e arribas,
as líricas produzidas com a magia e esplendor dos sons,
só neles encontro a semente e o húmus
para outras jornadas na vida, nos sentimentos e emoções que
sinto
por todos os íntimos, amigos,
não aquilo de “antítese”, “tese” e “síntese” do mesmo,
que servem apenas para uma crítica da modernidade,
que, aliás, está se despedindo, começa a pós-modernidade
destes caminhos íngremes que a humanidade está vivendo,
não tendo mais quaisquer seguranças
e, às vezes, se questiona,
perguntando quando tudo isso terá um fim;
mas a estesia dos sentimentos e emoções, sensações e intuições,
não me esquecendo, óbvio,
das percepções e imaginações e mesmo da inspiração,
lima a palavra que me entregará o trigo
e resta comigo ainda o daninho joio;
ornamenta o vocábulo que me dará
o sentido, no seu seio os sentimentos e emoções;
a poesia que eu quisera, que eu persigo,
por que aspirara e ansiara tanto, quase sentimento fixo,
é parábola e planta, pranto e arroio,
a musicalidade, o ritmo que eu desejara, que ando atrás
são cânticos de meu ser carente e faltoso,
é salmo e sementes, onde percebo e intuo
a presença da Palavra divina, bíblica.
(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE MARÇO DE 2017)
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