#AFORISMO 64/ESGALHO MIRRADO DE OUTONO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


#Íntegro viço que provém do inerente chão a cada marcha que abonamos na acalentada por mutismo coincide a taquara que o vento britou (com) um esgalho mirrado de Outono." (Manoel Ferreira Neto)


Epígrafe:


"Quando pérolas oníricas fluem em êxtases numa vertigem onisciente outorgam credibilidades aos sonhos e esperanças" (Graça Fontis)


Sensibilidades excederam a inteligência, sobrepujaram-se, além – ascenderam-se, solstícios de confins, auroras de arribas, arco-íris da in-finita ent-idade em desregramento, id-"ent"-idade multi-facetada, multi-facelada, mutilada.


Clamor distante, lacunoso, sobeja alvitrar o coração com altivez e retórica, com perspicácia e falácia, remanesce trinar as correntezas da alma, ritmar as ondas do mar trans-cendente, águas cristalinas, cadenciar a magnificência, cantar o suceder de odes de evos, por que não com atrevimento e verbo, rebeldia e regências? Contemplar de en-viés o que é oposto às concepções, concepções da verdade e do absoluto, de través o que é inversão às fantasmagorias, de soslaio o que é ad-verso às sensibilidades de expectativa e crença, espiritualidades de sorrelfas e fé, de lobos (visão penetrante) o que é de horizontes, o que é de in-finitivos in-finitos do longínquo, dos devaneios e sonhos da estese de eloquências, por que não com enternecimento e embófia?


Mirrado de outono, esgalhos de orvalhos pairando à luz das lâmpadas suspensas nos postes de cimento armado, mesmo de madeira, ao longo da alameda solitária e desértica, olhar de soslaio para os noctívagos das prosopopeias de sons dos habitantes do bosque, floresta, terrenos baldios, lotes vagos, da periferia da cena onde está o boêmio como espectador, o espetáculo que seduzia as anunciações de emoções ainda seduz e o con-templar do que vai se sucedendo, de instante a instante que não acaba ressoa na madrugada, sentido metafísico do espetáculo....


Prolongo-me eu, hesitante e cheio de dúvidas, angústia sem limites, entre o céu e o inferno com as forças dinâmicas e vivas, com as energias em chamas, nada mais consigo ver [quem sabe não deseje fazê-lo, não tenha vontade de esticar os olhos até o infinito, a imaginação até os arredores do inaudito] senão um monstro que devora eternamente todas as coisas, fazendo-as depois re-aparecer, para de novo devorá-las. degustá-las.


Desejos do absoluto, clímax do espírito,
Desejos do eterno, volúpia da alma,
Desejos do silêncio, êxtase da carne,
Desejos da solidão, prazer do coração,


No de-curso, per-curso das trilhas...
Vertigem de me perder, de tudo negar, de não me assemelhar a nada, de quebrar para sempre o que me define, de oferecer ao presente a solidão e o nada, ao futuro as utopias e a esperança de encontrar a única plataforma da “Estação Liberdade”, da "Estação Verdade", da "Estação Amor", da "Estação In-finito", onde os destinos se podem re-iniciar, ascender. A tentação é perpétua. Lâminas simbolizam sentidos que se foram, machados metaforizam sentimentos que hão de vir, não pinto em nenhuma tela uma figura sem rosto, não escrevo em nenhuma página um “eu” sem imagem ou perspectiva, alcanço a mente quotidiana, trazendo à beira de um sítio qualquer do rio de águas límpidas sem mar-gen-tende ausência de pressa, porque rosas ou lilás com-binam sonho e espírito em mãos que se estendem à descoberta da comunhão... Porque ventos ou sibilos aderem esperanças e utopias à margem das dores e sofrimentos.


Campos das ilusões, vida ser arte
Campos das fantasias, amar ser divin-itude do além
Campos das quimeras, o outro ser a-núncio,
Campos das utopias, ideais dentro de outros ideais,
A-núncio da presença, a-núncio do espírito,
Presença-espírito da felicidade, alegria
Campos das sorrelfas, o eu ser re-velação,
Re-velação da solidariedade, fraternidade
Na caminhada por veredas, cujas secretas instâncias
Somem no in-verso lado do pensamento,
Escafedem-se no re-verso ângulo das idéias,
De viés nas perspectivas da consciência...


Ficção, absorvimento, acordo, lilás ao norte: íntegro viço que provém do inerente chão a cada marcha que abonamos na acalentada por mutismo coincide a taquara que o vento britou (com) um esgalho mirrado de Outono.


Quimeras que não sucedem de delírios [antes, e de maneira mais pura do que o poderia eu fazer, delineio esboços, o sentido e a imagem de um olhar, a miríade de uma perspectiva de horizonte longínquo, de uni-verso distante das estrelas e da lua cheia], oferecer-me de físico e espírito aos anseios videntes em suas estimações perpétuas como simulacro e como conspecção veloz da inerente deidade.


(**RIO DE JANEIRO**, 27 DE JULHO DE 2017)


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