#AFORISMO 61/LIMIAR DE TODOS OS VERBOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: Aforismo


Epigrafe:


"A alma rompe militrófica e obliquamente com imparciais visualizações do ser quanto ao outro, quando criatividades verbais." (Graça Fontis)


"A origem das palavras é o ser que as elabora, delineia, compõe através de todas as suas experiências." (Manoel Ferreira Neto)


Se ser especial é escrever a alma plena de esperanças do verbo, de sonhos, de fé no vir-há de ser, doando as mãos feitas concha, no peito a alegria da entrega, então as palavras trans-cendem a realidade em que foram criadas, re-criadas, o amor preenche os vazios da carência, solidão, faltas, no inter-dito das linhas retas de góticas letras a imagem nítida nula de quem escreve não ser dono de si, sim ser objeto dos desejos do outro.


Se ser especial é trazer dentro de si, na ribalta do espírito, a luz diáfana da compaixão, sentimento de ternura, amizade, carinho, que, não há duvidar, incide os raios luminosos nos recônditos do íntimo, projetando na vida as sementes da felicidade, então a divin-idade do ser se faz presente fecundando a alma do verbo com outras visões do eterno e absoluto.


Se ser especial é ouvir com sublime atenção, na calada da noite, no silêncio da madrugada, os gritos antigos da solidariedade, os gemidos de dor e sofrimento, os suspiros de medos, inseguranças, que os homens sentimos no quotidiano à busca do pão que nos alimenta, move-nos na realização que nos fora legada, a vida na sua plen-itude, a verdadeira vocação, então é-se capaz de criar, re-criar, re-fazer horizontes e uni-versos à luz do in-finito, do que eterno-há de vir, então as carências todas que originaram dos gritos antigos tornam-se seivas divinas para o encontro da verdade.


Se ser especial é projetar a liberdade no espelho do perpétuo, cuja imagem refletirá o amor sublime aos princípios da responsabilidade e compromisso com a justiça, com o respeito, com os ideais, utopias da plen-itude do ser, pedra de toque do ser do espírito, eidos da trans-cendência, em cujos liames do finito e imortal reside a dialética do instante-limite, então a carne do sentido do real, da verdade tornar-se-á o telos do verbo e tempo, o corpo das etern-itudes , por onde as energias das esperanças do belo e estético se projetarão ao inaudito, desconhecido, mistério e enigma, de lá trazendo para o alvorecer os raios numinosos do perene.


Se ser especial é re-conhecer que o sonho de amar não existe sem o verbo do amor que se a-nuncia, revela-se, id-"ent"-fica-se em todos os momentos, em todas as experiências e vivências, sempre buscando a síntese do efêmero e eterno por inter-médio dos ínterins do amanhecer e anoitecer, no onírico as imagens trans-lúcidas, trans-lúdicas do pleno-há de vir, que são numinosos volos da fé, então amar é fecundar o outro do outro, outro do outro com o sêmen da verdade das contingências e trans-cendências, com o substrato da vontade da felicidade, prazer, êxtase, mesmo que permeados de nostalgias, melancolias, náuseas dos pretéritos e particípios, mas sendo-com a liberdade de colocar a entrega em questão.


Quiçá emitem com todas as regências verbais da dignidade, honra, sinceridade, fidelidade serem estas considerações especiais, pois nascidas e dadas a luz dos interstícios da vida, da existência, e como a origem das palavras é o ser que as elabora, delineia, compõe através de todas as suas experiências, juiza-se ser especial, só há a dizer que, apesar dos tapetes silvestres ao longo dos caminhos trilhados, há o amanhecer do sol a ser conquistado, presentificado, encontra-se no limiar de todos os verbos.


(**RIO DE JANEIRO**), 25 DE JULHO DE 2017)


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