#AFORISMO 51/LIAMES DO SUBLIME E SENTIMENTOS DO SILÊNCIO RUMO AO ETERNO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


"A eternidade são a esperança, amor, confiança." (Manoel Ferreira Neto)


Epígrafe:


"Num rápido clarão, a mente extrai/capta imagens preconcebidas na sintetização harmônica e sensível a jorrarem sobre o leito do inaudito" (Graça Fontis)


Liames do sublime e sentimentos do silêncio, seivados e eivados de solidão e entrega, lâminas de luzes a alumiarem mistérios e inauditos, rumo ao eterno...


Águas a-colhem de nossos prazeres a alegria de instantes, a paz de entregas e mortes, desejando a felicidade que afagamos no íntimo, neblinas e neves re-colhem de nossas vontades e questionamentos a visão do tempo e do ser. Resta olhar o acinzentado do dia de chuva, a certeza, quem sabe, de erguer uma taça ao som de silêncios e vozes que percorrem o espírito, desejando o paladar da alegria e realização.


Lembra-me de como,
no silêncio
de um monólogo
interior,
a afetividade de mim
aguçava os sentidos inteiros.


Re-corda-me o estilo, linguagem
nos interstícios
de uma inspiração,
as dimensões sensíveis habitam-me
criavam, artificiavam os sonhos plenos
da verdade.


O significado
é desordenado, invertido,
despido de caracterização.


Busco com a
sinceridade radical e exigente...
(psiu!)
de um olhar a quem se ama
um espairecer de ideias.


Uma gota de mais
e/ou
de menos
no corpo de minhas ausências.


A vida, aos sons de imagens dispersas e sinuosas, mostra sua fragilidade, sua investida em deixar não só recordações mas o orgulho de sua verdade, seu projecto não só de memórias, mas o lançar-se a trans-literalizá-las, verbalizá-las. O difícil mesmo é aceitar e admitir a eternidade são esperança, amor, confiança. O amor transcende a tudo e, diante de seu poder, projeta sentimentos, desejos, utopias.


É belo que se glorifique até ao fim por derradeiro o triunfo do silêncio. Quem sabe assim, com esta glorificação, com esta continuidade, mais e mais este silêncio vá se tornando verdadeiro, essencial, até que me ouça silêncio e não somente vozes que o revelem, que afloram num susto a sua aparição. Phylos-harmonica de ritmos e sons sublimes de júbilos do inolvidável nos liames do tempo e verbos do visível invisível, nas sin-thesis e aesthesis da uni-versalidade, katharsis da sabedoria e con-templação do belo.
Nos tabernáculos do tempo, as letras góticas do além poiésis da alma, desejando a liberdade virgem e pura, poiética das facticidades, solipsismando os abismos e desertos.


Nos seios nus, o fogo concentra a essência, transformando a luz em raios de sol – amor não são gestos ou atitudes, amor é melodia (não há música como dizer: “Desejo a vida dos homens e da humanidade; a liberdade do povo, da comunidade”, na voz clara ardente, extensa. Em longo mergulhar, descem os tesouros do oceano, que às margens do Cocito suspende o sol nascente. Derramando a consciência, sente o verbo de toda a humanidade.


Esqueceu-me referir-me aos olhos que entronizam as imagens que se vão formando e, aquando o coração, o corpo envia aos dedos os seus sentimentos profundos, estes que ainda se revelam de modo lento, seguem as linhas captando as suas entrelinhas, seguem os traços dados na tela compondo as anunciações sensíveis da alma, o que profundo existe, através de lembranças, recordações, melancolias, de um lado, imagens, intuições, percepções, contemplações, e o desejo é trazê-las à superfície, ver-me refletido em consonância e harmonia, assim me sinto no mundo, o estar-sendo que busco e tanto desejo.


Revejo o silêncio agora do meio da minha noite, plácido e branco, cercado de infinitude.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE JULHO DE 2017)


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