#AFORISMO 48/REGÊNCIAS QUE FIGURAM AS IMAGENS ESTILÍSTICAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


"O verbo dos ócios se tornou osso impotente de ser cinza ao longo das regências que figuram as imagens estilísticas." (Manoel Ferreira Neto)


Epígrafe:


"Nas adjacências em que Só o olhar explica-se há-de se adjetivar o subjetivo na explícita verbalização." (Graça Fontis)


Ressumbra-se a brisa noctívaga, o que houvesse de místico nos pensamentos e idéias, nas utopias da efêmera verdade, as volúpias plenas da metafísica, aquele instante-limite de delírio, devaneio em que nonadas e travessias sintetizadas tecem, crocheteiam, performam o além, con-templação do panorama e paisagem das "cositas" uni-versais, êxtases, clímaces? O que houvesse de mítico nos ideais e sonhos, na vontade do por-vir de alegrias e júbilos, nada de elucubrações e imaginações férteis a postergarem o presente, as razões além do bem e do mal?


Clima frio, chuvinha miúda, silêncio. Sentimentos e emoções contra-dictórios, dispersos, e por que não dizer habitar-lhes certa ansiedade? Vai-e-vem da rede, a cadelinha Paloma dormindo no peito. A cena é de todo inédita e inusitada, a esposa sentada na cadeira, livro sobre a mesa, lendo memórias afortunas de um homem.


Por que a vida ardencia de chamas a lareira das querências do ser verbial dos sujeitos, temas e temáticas? Por que a ec-sistência flameja de lenhas crepitando a luz da solidão sob a presença dos in-auditos do ser, as desejâncias do abismo que abrem as portas e janelas para a ampl-itude dos in-transitivos trans-itivos diretos e in-diretos da língua que pronuncia os fonemas e vernáculos do ser erudito, única luz que a-nuncia a vida do Eterno, que alentece o Eterno de nascer sem razão, o Morrer de re-nascer sem origem, sem gênese, macunaíma preguiça de abraçar rituais e mitos da eternidade, e jornadeando des-ventilado pelo espaço à mercê dos alvoreceres e crepúsculos?; cubas ironias e sarcasmos do tempo, cada um traz em si o nada puro que protela o cosmos nos complementos nonada e travessia nominais que lançam ao léu do efêmero o orvalho da madrugada para respingar-lhe com ternura e carinho de moléculas indicativas do jamais perfeito, mesmo na consumação dos verbos que pleromam in-finitivos e particípios, cada um morre a sua morte, a morte "si-mesma" onde? Ninguém morre a morte do outro. A morte é particular, singular, o outro lado do "eu".


Divas esperanças das sorrelfas perenes de plen-itudes e sublim-itudes, horizontes e uni-versos mergulhados nas trevas mais-que-perfeitas do nunca que é um tempo longínquo demais, se se realiza, é que o subjuntivo do vir-a-ser enovelou-se com o particípio do passado entre a náusea da contingência e as ipseidades do livre-arbítrio, nas brumas gerundiais enoveladas de particípios do imortal que é um tempo sem limites e fronteiras, se se ressuma, é que as declinações não se prestam a estabelecer a alma da morte, o espírito de morrer entre o gosto da reverência ao destino predeterminado da promessa da ressurreição e glórias de prazeres e felicidade indizíveis, inenarráveis, indescritíveis, por tudo que se encontra por todo o horizonte, entre a crença de que só o que pode ser visto e sentido está claro e explicado.


Ao léu do efêmero, o orvalho da madrugada para respingar-lhe com ternura e carinho de moléculas indicativas do jamais perfeito, mesmo na consumação dos verbos, no alto da montanha o catavento inerte, do in-finito a roda-viva das etern-itudes à espera do incognoscível e in-audito para esplender o absurdo. Origens e gênesis do ad-verso pers-versando as linhas fronteiriças das ausências e carências do nada vazio de pectivas, da nonada náusea, das angústias sarapalhadas nos lotes vagos de liberdade e vontade de artificiar a consciência e o ser.


O verbo dos ócios se tornou osso impotente de ser cinza ao longo das regências que figuram as imagens estilísticas.


(**RIO DE JANEIRO**, 20 DE JULHO DE 2017)


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