RESPOSTA AO COMENTÁRIO DA PINTORA Graça Fontis AO AFORISMO /**SER O SILÊNCIO NO SILÊNCIO DO SER**/


A priori, não creio ter havido tal dissecação ao estado silencioso nem sempre possível/viável nesse mundo onde os sons predominam... numa fuga inquestionável e necessária, o espírito debruça seus questionamentos, angústias ou prazeres, necessários à maturação de grandes aspirações e, sem dúvida, canteiro de belas inspirações, ressurgindo milagrosamente como o texto presente... presentificado graças ao Silêncio... onde o arquiteto das letras pode com perfeição agrupar sensações, sensibilidade... sentimentos linguisticamente verbalizados, tornando-nos possível a visualização com todas nuances desse habitat momentâneo e primordial à criatividade que todo artista anseia no mais profundo Ser, com certeza aqui o grande Escritor objetivou-se como frequentador assíduo deste bem-estar rico e fértil na sua máxima totalidade sob todo prisma abordado, sentindo-se vivendo com o silêncio na alma! PARABÉNS e obrigada querido por mais este magnífico texto!


Graça Fontis


Imperam no mundo atual os sons, altissonantes e estrídulos, em cujos âmagos a Linguagem se perdeu, todos estão conversando sem falarem única palavra, todos estão ouvindo sem nada escutarem. O Não-Ser se des-entranha do Ser através da Linguagem e na Linguagem inicializa-se a busca do Ser.
O silêncio habita os recônditos da alma, e é através dele que nascem os questionamentos, as indagações, as buscas, respostas para as contingências da ec-sistência. A "Algazarra" envelou-lhe, retirou-lhe de cena, e a humanidade caminha perdida, sem definições, sem conceitos, com a boca cheia de dentes esperando a morte chegar.
Amor, solidariedade, compaixão, liberdade, sonho, esperança, fé habitam o silêncio, por inter-médio deles é que se re-velam em sua Poesia, em seu Eidos. Consideramos que tais dimensões se perderam ao longo da Algazarra, ao longo da História. E quando poetas e escritores buscam mergulhar nelas, manifestando-as, fá-lo com o barulho da algazarra, nada de Arte, nada de consciência-estética, nada de Voz da Vida. A Literatura, a Poesia, a Filosofia prescindem do Silêncio, dele estão carentes, para exercerem as suas funções que, não há duvidar, são o Ser, são a Voz da Vida. Tudo perdido. E só há um caminho para a libertação: escritores e poetas encontrarem o silêncio nos interstícios de si mesmos, estão todos mergulhados na Algazarra, anseiam que a humanidade os ouça, o coração nada escuta, o ouvido nada ouve, unicamente palavras perdidas, espalhadas no lote vazio. Onde a Poesia? Onde a Literatura? Onde a Filosofia? Em lugar algum. Como elencar sensações, sensibilidade, sentimento, emoção, desejos, vontades, como agrupá-los, tornando-se possível a verbalização, a visualização da Voz Poética, Voz Filosófica, Voz Literária? Como sentir a presença do Ser? Como presentificar o Ser?
Quando você, Caríssima Pintora e Companheira das Artes, diz que sou frequentador assíduo do Silêncio, sentindo-me vivendo com o silêncio na alma, é incólume verdade, pois não concebo as Artes, a Filosofia sem o Silêncio. Mas ouvir, escutar as Vozes do Silêncio é uma busca contínua que se faz continuamente. Se me embrenhei nesta jornada desde tempos imemoriais, é que a intenção exclusiva é a CONSCIÊNCIA-ESTÉTICA-ÉTICA, e para traçar o seu itinerário faz-se mister viver com o Silêncio na Alma, ser o silêncio no silêncio do ser.


(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE JUNHO DE 2017)


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