#AFORISMO 259/ALMA EM ESTADO DE PERQUIRIÇÃO DO INSTANTE-LIMITE# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Ana Júlia Machado & Manoel Ferreira Neto: INTER-TEXTUALIZAÇÃO AFORISTICA


Tema para redigir…


Observar em redor
E descobrir um tema para redigir,
É o que concebe encontrar-se livre
E com desejo de habitar. Contemplar à extensão
Sem ninharia evidenciar, é o que causa a tenacidade
De não mais iludir-me. Contemplar sem enxergar
Sem dispensar ponderação, é o que causa não amargar
Por estimas de espírito. Contemplar o que separa
Linha de formato circular Que aparenta fazer com que o mar
Ou a Terra se unam ao céu Admirar a sua pulcritude,
É o que causa transitar a ligação, e abandonar a ambiguidade.
Contemplar a existência, sem aguardar ninharia,
Lega-me vencida
À soada de uma balata.
Contemplar, ouvir, apalpar,
provar...


Ana Júlia Machado


Inter-textualizar tema de livre re-digir o que é isto habitar a concepção, ser nas linhas redigidas a alma em estado de perquirição do instante-limite às estimas de espírito eivado de sentimentos e emoções, o mar e a terra comungando-se, elevando-se ao céu, o peito arfando-se de sensações outras do verbo, afastando as ambiguidades entre o aqui e alhures, entre o efêmero e o nada, e no incognoscível dos desejos e utopias a a-nunciação do que trans-cende a poesia, do que trans-eleva palavras e sentidos carentes de verdades, a arte de con-templar a peça de música ritmando o encontro e a des-coberta de temas para re-digir a fin-itude da linha de formato circular e a in-fin-itude das margens do desejo de ser-com os mistérios do ser, místicas do verbo verbial das regências e con-cordâncias com o tempo e o in-fin-itivo, plen-itude po-ética da contingência e da espíritualidade.


Inter-textualizar o transitar entre o belo de ouvir o silvar do vento, a beleza de apalpar no redigir a tenacidade de não mais iludir a alma com as quimeras da dor que abrem as venezianas da felicidade e alegria inapreciáveis, do sofrimento que re-colhe e a-colhe o saber da peren-itude, o conhecimento da imortal-itude, sim pro-jectá-los à distância do deserto, onde ideais da liberdade e espiritualidade consumam a vida, sem dispensar ponderação no in-vestigar os interstícios da beleza de vislumbrar a ec-sistência no seu movimento de suprassumir as sinuosidades do ser e não-ser, as curvas das angústias e tristezas, a extensão da verdade evidenciar com as imagens que fluem e floram-a-ser no alvorecer, e o sonho da realidade real pres-ent-ificando-se de outras luzes e sombras, des-abrochando-se de outras pétalas e perfumes, as primeiras abrindo-se à numinosidade dos raios de sol, eivando-se de sua essência, a claridade e trans-parência do vir-a-ser, os segundos inebriando o verbo do tempo de outros odores do que há-de ser, do porvir de sabedoria e saber o eterno se artificia de efemer-idades e fugac-idades.


Inter-textualizar a beleza de enxergar além das palavras que se criam, re-criam-se, inventam-se estesias, ex-tases, estéticas da alma no seu onírico instante de luzes no in-audito e inter-dito de ser mister a lâmina do machado para tocar o tronco da árvore, vice-versa, vis-à-vis, no seu momento de vigília de gnoses, ser sine qua non trans-itar a ligação, o entre-laçamento das iríasis das carências, éresis da compl-etude, provar o sabor das verdades a serem concebidas, con-templar a existência, vislumbrar o existir, alumbrar a sensibilidade e as dimensões poéticas do espírito...


(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE OUTUBRO DE 2017)


Comentários