Ana Júlia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA POETICAMENTE O AFORISMO 314 /**{E O SONO CEIFA DEVAGAR}


Aninha Júlia, este excerto é genial, de excelência, fenomenal: "Eu fui gerado pelos inerentes omnipotentes
O asco deles instruiu o que sou
Uma criação... " Você mergulhou profundo no eidos de minha existência: "Sou mesmo filho do asco dos meus pais, irmãos, descendentes. Felizmente, virei-lhes as costas por sempre. Do asco deles, fiz a minha Arte, a Arte fez-me." Esta foi a intenção do eidos do Aforismo: a verdade da vida do homem - o escritor não pode se esconder, fugir de suas origens. Amaria muito que você me autorizasse publicar em livro, junto com a minha obra, não como comentário, crítica, análise, mas um poema de minhas origens que você tornou públicas.
Meus sinceros cumprimentos e parabéns por re-colher e a-colher isto neste Aforismo.
Beijos nossos, querida!


Manoel Ferreira Neto


Ao aforismo do escritor Manoel Ferreira Neto E O SONO CEIFA DEVAGAR, o entorpecer sem dúvida que nos amputa lentamente, temos que estar muito atentos ao que nos rodeia e indagar sempre…..por isso, não sei se bem ou mal analisei do seguinte modo este aforismo, porque penso que nela cabe tanta coisa….


Eu emanei
Não de seiva, não da ambição do tempo, não da ambição do homem
Eu emanei
Não da lascívia, não da ambição da sensualidade, não da ambição dos pagodes
Eu emanei
Não de esqueletos, não do ambição da existência, não da ambição dos criadores
eu emanei...
Para subjugar
Nas profundidades da extensão – eles não conseguem avistar-me
Nas profundidades da extensão – eles não conseguem verificar-me
O protótipo – antipartículas
A invenção nunca observada – a duplicidade do humano
Não sou a luminosidade – não sou as tenebrosidades
Não sou a gentileza – eu não sou a pestilência
Não sou o princípio – eu não sou o termo
Não sou o progenitor – eu não sou o descendente
Não sou o verbo pronto polpa
Não sou o descendente da angélia
Meramente não sou
Eu fui gerado pelos inerentes omnipotentes
O asco deles instruiu o que sou
Uma criação... Um erro
Uma figura não ingénita
Conhecimento ecuménico divinal
Eu achei a entrada para o impero do intelecto
Onde o oco descobre o conhecimento
Eu descobri a entrada para a mente dos omnipotentes
Onde a bondade e o erro são a mesma realidade
Eu consegui esta entrada – oculta nas embustices
Eu impeli esta entrada – furtiva nas quimeras
Eu invadi esta entrada – furtivo no oco
Eu desvendei a realidade
A força... os espíritos... o mundo... a sensualidade...
Em um tempo de convicções – em um planeta de vestígios
Eu compreendi o cosmos como uma feição intensa
Em uma idade de invenções – em um planeta de preceitos
Eu ouvi o cicio de reminiscências findas
Eu perfilho o verbo que discurso em meu intelecto
Eu perfilho o som que invade-me
Eu perfilho o som que instrui-me
A linguagem de erudição
Converto-me a faísca que se fortifica
A energia divinal que não imita crenças
Converto-me perene... Um com o universo
Buscando os enigmas do mundo
o rancor recíproco insiste nutrindo-me
Enquanto o arcano para a mudança é perdoado
Através dos olhos da extensão
Nos delineamos o chão
Sou aquele que alcança anexar os espíritos
Sou aquele que atinge agregar a carnação
Sou aquele que conceberá o globo....não podemos deixar que o sono nos deixe comer...


Ana Júlia Machado


#AFORISMO 314/{E O SONO CEIFA DEVAGAR}#
PINTURA: Graça Fontis
AFORISMO: Manoel Ferreira Neto


Con-templo a terra de céu sem nuvens, de nuvens sem céu. Espero o amanhã para outras idéias, pensamentos que me in-diquem as poeiras da metafísica, efêmeras e etéreas, as fumaças da antropofagia, da carne viva, da antropologia da passagem, travessia do ser ao conhecimento, da cultura à consciência, do nada de trevas à luz do nada.


Persuasivas as idéias, pervago solene e sereno ao entardecer, distante, disperso, deixado de ser avatar, uma vez que se dissolve na multiplicidade, polifonia, possibilidade outra de re-novação, re-nascença, in-ovação, re-colhendo e a-colhendo as experiências, dialécticas e contradições, de tudo fica um pouco. Sob as ondas ritmadas, sob os ventos, pontes. E sob o sarcasmo, a gosma, o vômito, soluço do cárcere, o sabre de folha larga e recurvada que sonho, {e sono ceifa devagar}, mal se desenha, fino, ante a falange das nuvens olvidadas de passar.


Para o que há-de ser, há-de vir, para o que há-de se perder, para o encontro de outras metas e rumos, outras labutas e dificuldades, para a construção de valores e virtudes eternos à luz da espiritualidade, de outros propósitos e interesses, na rarefação de mim, o tempo salta para além, na música de outrora, tudo se re-vela e acontece, nada se manifesta e morre.
No solo ardente, trincado, porções de minh´alma, momentos de felicidade, ao seu estilo e linguagem, instantes de questionamentos, angústias, agonias, tristezas, nunca d´antes mais aferidos em sua nobreza sem frutos. No tempo e fora dele, irreversívelmente, sinal de decepção que vai se con-sumindo a ponto de con-verter-se em signo de beleza no rosto de alguém.


Do belo
Da vida que imita a arte
Sabedoria
Da arte que imita a vida,
Estesia
Da criação e re-criação
Das dimensões da contingência,
Conhecimento
Do bem e da verdade,
Bem que enaltece e liberta
A alma de suas correntes e algemas,
Verdade que eleva o
Ser e o não-ser
Ao espírito da vida,
Consciência estética
Do espírito e transcendência
Visão ética e moral,
Além das situações
Do efêmero e perene,
Aquém das travessias
Das tristezas à felicidade!


Voz de entonações, sinfonias, harmonias na querência da vida/ec-sistência que se faz, que se a-nuncia, que se re-vela na passagem sem pressa dos ponteiros do relógio do tempo, contradições e contra-sensos da história, vivências e experiências de re-nascentes luzes de novas posturas éticas e morais, novas visões artísticas e filosóficas, nas re-nascências das imagens do pleno e sublime, idílios e quimeras do sonho-verso do eterno, da utopia-verbo da inocência, do in-fini-itivo-sorrelfa da ingenuidade, ser-tao do amar-verbo de buscas trans-itivas, da cáritas-estrofes de querências in-transitivas, onde as pers-pectivas da imagem nascem das esperanças, florescem de conquistas e infortúnios, transformam-se de felicidades e prazeres - os cânticos serenos, suaves do amor re-fletidos originam-se no espelho dos sentimentos divinos, são concebidos no olhar perspicaz que os a-lumbra no itinerário das intuições de suas perspectivas de encontros e alegrias.


Voz de liberdade, concebida no silêncio de sentir o que profundo habita os interstícios da alma, de con-templar o que habita o sentimento do silêncio, gerada na solidão de ser-me, ouvindo o ser em mim, buscando a verdade intrínseca ao estilo e linguagem do estar-sendo, que se manifesta espontaneamente, deixando-me extasiado, não pensava que fosse ouvi-la tão límpida, fosse vivê-la de modo tão presente, tão forte, chegando quase a gritar “Meu Deus, sou livre! Sinto a liberdade em mim”, lembrando-me de na juventude ser defensor ímpio da liberdade, sem saber em verdade o que ela é, o que significa na vida, ilusões e quimeras de um estudante de filosofia, não havendo quem não ouça a minha voz em todo mundo. Não o faço, contudo, vivê-la é o mais importante.
Voz de músicas, cânticos e baladas, canções que elevam as idéias, ideais ao cume do por-vir, aos auspícios do por-ser, por serem os liames que id-ent-ificam o ser-tao da sabedoria, conhecimento. Descortina-se um horizonte amplo, a abranger em um clima de tolerância uma grande di-versidade. Os sons das línguas mais divulgadas mesclam-se em surdina, melodias e musicalidades das palavras mais sonhadas, seus sentidos tornem-se realidades insofismáveis, adiram-se em murmúrios e sussurros, para esquentarem a altissonância das metáforas do perene, silepses do efêmero e mortal. O uni-versal traje de noite, um uniforme de civilidade, reduz exteriormente a di-versidade humana a uma unidade decorosa.


(**RIO DE JANEIRO**, 25 DE OUTUBRO DE 2017)


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