#AFORISMO 323/MACUNAÍMAS CARIOCAS EC-SISTIDAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Macunaímas cariocas pre-figuram de nonadas
Precipícios solsticiados de orvalhos e garoas,
Maresias,
Abismos, de neblinas sopradas pelos ventos
Sibilos sussurrados, murmurados,
Além dos horizontes, que re-velam outros limiares
Do in-finito, in-auditas dimensões que fogem à percepção
Sente-se-lhes, imagina-se-lhes, elucubra-se-lhes,
Cogita-se-lhes,
Telos, arché
Verso-uno
Maresia
A fissura por lhes a-nunciar pres-ent-ifica-se pungente
Inter-ditos claudicados, inter-ditos deficientes
Inter-ditos iludindo, mascarando, falsificando
Eid-éticas do Tempo e do Ser, núcleos do Ser e do Vento,
Eteriza-se a linguística,
Evola-se a semântica,
Esvaece-se a metafísica,
Escafede-se a estilística,
Evapora-se a metalinguística
Orações garatujadas achando-se literatura, poesia
Períodos escrachados nas linhas desejando ser filosofia
Garatujadores e escrachantes vislumbrando-se
Na superfície lisa do espelho, deusas e deuses,
Telos, arché
Macunaímas cariocas
Gaivotas,
Sereias,
Bebem vinho suave na taça de cristal, nas docas,
Sorrindo, olhos brilhantes, o peito arfando de supremo prazer,
Jubilando-se, glorificando-se,
Enaltecidas até a consumação dos tempos,
As páginas que foram brancas, lívidas
Inspiram-se no vazio, esvaziam as letras, palavras, sons,
Hábitos de in-versar, re-versar, avessar, re-vezar
Vão-se embora para Pasárgada,
Seguem solitárias nas asas do vento,
Nalgum in-fin-itivo espaço de ante-mãos e revezes
Encontrarão palavras, letras
Que revelam a verdade, que pres-ent-ificam a ética, estética
As falsidades, mentiras, farsas, hipocrisias
Arrastando-se pelas sarjetas
O vinho que era suave azedou-se,
O gim Seager´s estrangeiro que era delicioso falsificou-se
A taça de cristal que era divina estilhaçou-se
A vanglória, o júbilo, as vaidades escafederam-se
Nada restou
A cripta de mármore eternamente sem qualquer identificação
Ossos, cinzas
A solidão que fora a semente das hipocrisias
Inda mais presente sob a terra.


O mar entre os braços,
Sentimo-nos água e eu
Telos, arché
Verso-uno


(**RIO DE JANEIRO**, 27 DE OUTUBRO)


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