#AFORISMO 316/À SOMBRA DA PALMEIRA - PARTE II# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto


Vislumbro as gaivotas sobrevoando o mar
Ondas de idílios e quimeras habitando-me
Os interstícios da alma, tocando as sensações,
Os recônditos do inconsciente,
Afagando as visões etéreas.


Con-templo o entardecer, sentimentos outros
Sendo pulsados pelo coração de fantasias e ilusões
Do sono que embalará os recônditos do inconsciente
A-nunciando e re-velando sonhos sonhando o sublime
Do vir-a-ser do amanhecer mítico e místico de plen-itudes
Além das inspirações, intuições, percepções,
Visões visíveis e in-visíveis do in-audito.


Debulho o terço de desejos, esperanças,
Con-templ-orando o amor de carícias e toques,
Toques de sentimentos de entrega,
Carícias de emoções de pleno doar do espírito e alma.


Des-petalo a rosa de bem-me-quer,
Mal-me-quer,
As volições da defecção de verbos inimaginários
Querem-me sombrear as palmeiras do espírito,
As volúpias da perfeição imperfeita de metáforas
Não me querem brotar de outras sementes
O ser verbalizado de folhas
Rosa
Bem-me-quer...
Mal-me-quer...


Ritualizo de silêncios os vernáculos deixados
À larga da colina povoada de neblina
Que, ao invés de envelar a paisagem do vale,
Des-vela o panorama do In-finito à soleira das constelações,
Que, aos revezes do vento e maresia do oceano,
Des-venda os mistérios profundos e enigmáticos das águas,
Àguas do silêncio,
Àguas de poesia do ec-sistir à luz das dialéticas
Das volições e das buscas inestimáveis do Ser Puro
De dimensões in-fin-itivas do tempo e da continuidade
Das nonadas às travessias da perfeição,
Àguas de filosofias estéticas eivadas de êxtases e clímax
Do encontro e comunhão do presente e do aqui-e-agora.


Elenco à mercê da fertilidade da imaginação
As imagens desenhadas livres nas nuvens,
O que me perpassa o coração de espontâneos idílios,
O que me habita o tao-ser das sublim-itudes do além.


Levanto-me da sombra da palmeira
Embriagado, perfeito boêmio de trans-cendentes ilusões,
Subo os degraus da varanda,
Deito-me na rede,
Tomo gole de vinho suave
E observo a rua silenciosa e solitária,
Vento suave balança as folhas da palmeira.
Sono sereno toma-me por inteiro
A palmeira vela-me...


(**RIO DE JANEIRO**, 25 DE OUTUBRO DE 2017)


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