**AFORISMO 275/FLORES AMARELAS DO IPÊ**- GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Sombras de um outro dia. Alvorecer - in-finito cintilado de primeiros raios numinosos. Vento suave sopra as flores do ipê amarelas que tapeteiam as calçadas, a rampa de entrada do casebre. Casebre de angústias, tristezas, medos, sentimentos de humilhação, ofensa, lágrimas rolam fáceis, algumas noites custam a passar. Sibila timidamente e os fortes estrondam sem obstáculos. O vento abranda. As aberturas deixam sair o último som.


Quando no alvorecer resplandecente a Natureza suspira, ouço os ventos que, silenciosos, despertam as vozes dos outros seres, soprando neles, de toda frincha soam altas vozes. Vozes sussurradas. Vozes cochichadas. Vozes murmuradas. Vozes altissonantes. Algazarra, barulheira.


Sentimentos outros en-viados aos horizonte pelas vias da paisagem do silvestre do campo, grama inda respingada do orvalho da madrugada, pássaros sobrevoando, trinando nas frinchas e galhos das árvores. Ao longe, águia voando serena, tranquila.


Alvorecer de esperanças. Dimensões sensíveis do sublime que esplende suas miríades ad-vindas da profundeza do inaudito. Querências, desejâncias do amor pleno do ser. Sentir a mais sublime e livre leveza da certeza de que o amor, o amar mesmo diante da incerteza é possível... sentir palpitar na alma a mais pura ordem e des-ordenada beleza de uma querência cheia de desejos, de uma desejância plena de sonhos.


Sons, ritmo e melodia, acorde no silêncio do verbo de in-trans-itivos volos da essência do sublime, con-jugado com a leveza do ser que sente pleno, no sendo-em-sendo das esperanças e sonhos do eterno de encontro com o horizonte do espírito da vida.


(**RIO DE JANEIRO**, 16 DE OUTUBRO DE 2017)


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