Pensar a eternidade no Paraíso Celestial é um sentimento de tranquilidade, serenidade sem precedentes. Por mais que ao longo dos anos da eternidade toda a beleza, maravilha se tornem entediantes, ver e viver o mesmo são o eidos do tédio. Tédio no Paraíso Celestial seria ótimo título para uma música, penso no Blues, ou para uma película cinematográfica sob a direção de Alan Parker, um espetáculo de besteirol no Teatro no Auditorium da Escola de Filosofia da Faculdade de São Nazaro.

Nada de azar.
Azar de nada.

Pensar a eternidade no Inferno aí os mil réis são outros. Além de ter de con-viver com todas as laias, raças, estirpes de almas penadas, corruptos, viperinos, caguinchos, assassinos, pedófilos, ditadores e tantos outros, arder nas chamas por todos os séculos dos séculos amém é doloroso. Se queimamos o dedo com fósforo já dói bastante, arder nas chamas do inferno é algo delirante. Imagino que as almas penadas uivem pelos milênios a fora de tanta dor.

Quando o Papa afirmou que no Inferno não há fogo - o secretário do Vaticano desmentiu a sua fala -, pensei com os meus botões que a angústia, desespero, agonia de morrer e ir arder nas chamas do inferno, conforme os pecados e pecadilhos, alfim estavam acabados.

Lembrei-me dos Corruptos.
"Então, se eu morrer por ter roubado do Estado, ficado bilionário, vou para o inferno?"
Alguém lhe respondendo: "Não se preocupe, Presidente, no inferno não há fogo."
- Quê ótimo! - responde o Presidente - No Brasil, não há presídio, cadeia para políticos. No inferno, não há fogo. A Justiça dos homens pouco importa, nada importa em verdade. Agora, a Justiça do demônio, Deus me livre. 

Imagino que as razões do Vaticano por desmentir a fala do Papa tenham motivos às pencas. A repercussão do mundo inteiro causaria muitíssimos problemas. No Brasil, não haveria qualquer repercussão negativa; ao contrário, o Brasil beijaria os pés, as mãos, as faces, a testa do Papa, beijo babado de tanta alegria e felicidade. País de corruptos, assassinos, traficantes, pedófilos, país onde impera todas as falcatruas, o inferno é o rumo insofismável. Não havendo fogo no inferno, mesmo que continue isto de o castigo supremo do mal é o inferno, pode-se prosseguir continuamente a corrupção, assassínios, tráfico, pedofilia... O inferno garante: "A vida aqui não é de mil maravilhas e esplendores, mas é uma vida pacata, triste, ensimesmada, circunspecta, introspectiva."

Pensa a eternidade num jardim a perder de vista as belezas, maravilhas, no crepúsculo, à margem da lagoa, à noite o brilho da lua, das estrelas, quê espaço de mesmidade, por todo o sempre.

Resta agora o Papa dizer que as finanças dos corruptos será bem investida no Paraíso Celestial.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE JULHO DE 2017)

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