#AFORISMO 344/ZEROPÉIA DIVINA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Destilar venenos, a serpente
Exultante de alegrias recita verdades
Transitórios preceitos,
Fugazes dogmas da felicidade eterna
Zeropéia divina
O eterno gira em suas in-verdades, embustes
O paraíso efemeriza-se, dissolve-se
Nas origens, genesis
Protela-se ao longo das contingências,
À luz do apocalipse,
A busca do paraíso perdido será sempre para frente
A morte ceifa o destino, con-reversa
O nada trans-vertido ao vazio
Quaisquer preceitos são sorrelfas, nihiles do tempo
Posterga-se às neoclássicas luzes de ovelhas perdidas
Além, o eterno enchafurda-se nos pretéritos do anti-vazio
Que encarna o defectivo verbo dos cosmos
Plenificados de perenidades absolutas,
Perenitudes divinas da ressurreição.
Deus compaixão
Deus solidariedade
Deus amor
O re-verso do uni-verso consubstancializa os demônios
No Hades, Mefistófeles recita a ribalta divina da Náusea
Se o inferno é o abismo dos dogmas cristãos, cristianistas
As almas penadas con-templam a cintilâncias das estrelas
De ponta-cabeça, de cabeça para baixo.
Cristo morreu na cruz
Deus destinou-lhe o fim de sangue
De dúvidas, inseguranças, medos
Assegurar aos homens a fé no eterno, eternidade
E perenizamos os homens no nada da vida.
A poesia divina
Zeropéia divina
É des-poemática da vida
É des-poiésis do ser-do-verbo imortal.


(**RIO DE JANEIRO**, 31 DE OUTUBRO DE 2017)


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