#AFORISMO 330/ÀS FLAUTAS AS INQUIETAÇÕES# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Afadigo-me após afadigar-me,
desbasto-me após de desbastar-me
Exausto após devaneios e desvarios
Suplico à minha alma que se aquiete…
Que leve às flautas as inquietações...
Não anuas as corricas acercarem e inveterarem-se,
Resfolega reentrante, na exsudação do pudor em insânia
Na incúria dos intelectos esgotados das ante faces
Se exibem a si inerentes, sem parar.


Pós de quaisquer éresis ilusórias da lírica
Insones por revelarem de si a face des-figurada,
Bastarda de qualquer revelação, doação, entrega
De empatias, sem serem antipáticas,
Nonadas crepitando nas chamas
Ardentes dos éritos e érisis do in-audito
Centelhas etéreas,
Às cavalitas o vento
Antes de quaisquer esias versais
Reconhecem-se semblantes de miseráveis pessoas joviais,
Recheando as algibeiras, entoam, gracejam, rodopiam,
No potencial da existência versada sem vida.
Nessa rotina de ser sem existência, na intrujice
Simulam ao paladar do oxigénio que aspiram,
Atentamos perplexos, sem refutação...


É preciso prestar atenção ao que o silêncio diz, atenção livre, deixá-lo perpassar-se em todas as dimensões íntimas da alma, da inconsciência, da memória, o mesmo que viajar con-templando as paisagens do campo, re-colhendo e a-colhendo as imagens, sem qualquer pré-ocupação com os símbolos, signos, metáforas, construindo, elaborando, delineando as perspectivas e ângulos em que a eidética da beleza e do belo se pre-"en"-fica, apres-ent-a. A analítica existencial da pre-sença há-de resguardar uma clarza de princípio sobre sua função ontológica. Por isso, a fim de des-incumbir-se da tarefa preliminar de explicitação do ser da pre-sença, ela deve buscar uma das possibilidades de abertura mais abrangentes e mais originárias dentro da própria pre-sença. O modo de abertura em que a pre-sença é colocada diante de si mesma deve ser tal que, nele, a pre-sença se faça, de certo modo, acessível da maneira mais simples. Com o que nela se abre deve vir à luz, de forma elementar, a totalidade estrutural do ser que se procura. É sendo pre-sença que o silêncio diz. É habitando no silêncio que a verdade se diz.


Nessa rotina de ser sem existência, na intrujice
Simulam ao paladar do oxigénio que aspiram,
Atentamos perplexos, sem refutação
Ao sonho demente da perfídia admitida pela comunidade.
E finda-se a narração, pois assim pretende-se
Reflectir esgota o encanto,
da inconsciente população que somos no planeta…se é que se pode apelidar planeta
Que população, que porvir, que ética, que preceitos, normas ou regras
Quando se vive em uma anarquia e sem rédeas
Resta-me o que não desejava,
Sojornar na angústia de haver que aquietar a minha alma
Como? Não sei…e as pelicas porfiam em surgir, por via da minha inquietação…


(**RIO DE JANEIRO**, 29 DE OUTUBRO DE 2017)


Comentários