#AFORISMO 327/CREDENCIE-SE NA QUERENÇA# - PINTURA: Graça Fontis/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO/DITIRAMBO


Se hoje desenho um barquinho na superfície das águas no rio, deixando-lhe distanciar-se, amanhã na alma a felicidade da inspiração criando o trajeto para o absoluto da fantasia.


Não sinto nenhuma bravura...
Nem mesmo tristeza,
Nos olhos seus,
Mas olho para você todos os dias.


Presentemente, é provável que a procela o amachuque
O coração mortifique o quimérico, espicaçando-se
Com o padecimento ou apavorando-se com o fenecimento...
Não se olvide, contudo, de que devir será
Distinto dia
O trilho achasse à sua espera, pé na via, instale uma quimera na alma,
Crença no coração e expectativa na mochila, a existência se atufa de originalidades
Para os que se arriscam na jornada que orienta a verídica independência.


Se hoje ouço músicas, deixando-me voado ao ritmo e acordes, fantasiando as dialéticas do som e do inaudito, na alma emoções tecendo os sonhos da estesia da verdade, amanhã debulho as contas do terço, rogando a plen-itude do silêncio, a nad-itude da solidão, aquela da ausência do outro, quando a música das sorrelfas esplende o sentido da vida eterna.


Erga, pois, o seu observar e jornadeie.
Peleja e beneficie. Instrua e antecipe-se.
Fulgure a antemanhã além da escuridão.


Se hoje proseio livres causos folclóricos, re-velando com simplicidade o hilário da sociedade, velando-lhes as idiotices, complexos de ovelhas, seguidos das neuroses ovelh-éticas, mostrando as hipocrisias, amanhã emudeço a prosa, recosto-me no parapeito da janela no alvorecer, deixando os olhos distantes, no íntimo sentimentos de ilusões do eterno, tudo é passageiro.


Encoraje-se no satisfatoriamente e aguarde com resignação.
Tudo excede e tudo se recapitula na terra,
Tudo se res-gata nos mata-burros do mundo,
Tudo se re-cupera no inconsciente de má-fé,
Continuamente, na continuidade dos jogos, trambiques,
Mas o que surge do páramo ficará.


De todos os descontentes os mais desventurados
São os que esbanjaram a fidúcia em Todo-Poderoso e
Em si próprio, porque o superior "desaire" é
Padecer a carência da confiança e continuar existindo,
Ausência da criatividade e continuar cheirando o in-finitivo
Dos verbos anômalos, defectivos,
À espera de que eles cheirem
Das gafes as gafect-itudes..., boduns das impotências,
Gafectivos estilos,
Gafectivas estilísticas,
Semânticas, quê teatro dramático
De asnices da Arte da Palavra.


Se hoje vislumbro as nuvens brancas, sentindo os gerúndios de pretéritos que foram luzes a incidirem nos horizontes das esperanças do belo e eterno, amanhã recostado na amurada da ponte de um córrego, olho as águas turvas passando, pensando no particípio infinitivo de desejos do perene.


Sempre em frente
Não deixe a sua asseveração entre as obscuridades do Universo.
Ainda que os seus plintos permaneçam gotejando, sempre
Em frente, elevando-se por claridade celestial, arriba
De si próprio.


Se a fidúcia haver,
a incerteza se debelará,
as questões serão replicadas,
e os discursos lograrão ser patenteados.
Quiçá não seja um amor perene.
E não é uma querença abalada,
Nem um bem-querer utópico.
Mas um bem-querer verídico.
Aquele que extrapola os estorvos
Forçados pela existência e pelas conjunturas.
Aquele que não teme a eleição,
E emprenha a escolha genuinamente
Ser veemente sentidos.


Credencie-se na querença celestial!


(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE OUTUBRO DE 2017)


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