#AFORISMO 338/NUVENS DE SOMBRAS ALEVANTANDO O VENTO DE SILÊNCIOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Praticamente nentes digo do imaterial, imaterial a melodia de minhas inalações, predições dos ênfases da alma, com que constituo os poemas da ligeireza nascente do ser, com que atalho a senda sem cessação do despovoado, calcorreada confeccionada na alvorada, escoltando o rumo da lua, não como o alento dos vates arrebatados, dos vadios, mas covarde das transitoriedades da existência, procurando as transitoriedades perpétuas, sangue impresso da erudição,
caminhante dos alentos, vou escoltando a minha via de minhas marchas na sílica, os andamentos a marcam, e nentes vai metamorfosear meu Universo, nentes vai metamorfosear meu Universo, nentes vai metamorfosear meu Universo. Não declamo poemas, quem os escutaria, não recito estâncias, quem as experimentaria, largo o meu intelecto descerrado ao universo ermo, vou encalçando, errante vou espezinhando os andamentos aos resplendores de todas as deduções lógicas do fugaz, concebi-me ambulante do despovoado, cidadão do mundo seguirei após banhar-me na luz verde e lilás, jornadeando ermo por todas as origens, assentado num asno..


Nuvens de pó-eiras, beiras e eiras, solstícios de sombra, melancolias - braços abertos, encontro, des-encontro - pretéritos do nada - a pena sobre a mesa, não lavrava palavras, o pêndulo do relógio na parede suspenso parado, sem minutos, sem segundos - esvaziado de verbos, esvaziado de teses, antíteses, sínteses, esvaziado de infinitos, verdades, louvores ao há-de vir, aplausos ao silêncio, o resto é silêncio, lembranças, recordações.


Escuridões de poalhas, margens e eirados, direções de nimbos de penumbra, mágoas - tentáculos descerrados, deparo, descoincidência -, transatos do nentes - a caneta sobre a escrivaninha, não laborava vocábulos, o vaivém do relógio na tapume sustado quedo, sem instantes, sem segundos -, vazado de elocuções, vazado de dissertações, contradições, sinopses,
vazado de infindos, realidades, encômios ao porvir, ovações ao emudecimento, o restante é sossego, memórias, reminiscências. Tudo passa, tudo cessa, tudo cessa... Discussão da transitoriedade, dos breves.


Praticamente nentes pronuncio do imaterial, imaterial o despovoado de sílicas aos coriscos do resplendor, brilho das vedetas, cintilação da fase, cura não como contiguidades do isolamento, aposiopeses sobrenaturais do sossego, metrificados alegorias do fátuo e perene, experimentadas noções da expectativa e devaneio, cura imaterial espectro da transitoriedade, inóspito de pazes e isolamento, inóspito de melancolia e taciturnidade, inóspito de melancolia e expectativas, inóspito de devaneios de investigações, à entrada da perpetuidade, faíscas de resplendor arquitetadas na menina do olho das vistas.


Praticamente nentes pronuncio do imaterial, imaterial a gruta de colunas de concreções calcárias de raras pedras preciosas, à escuridão, na negrura, o sonido das gotas de linfa, na paul, de todas as formações rochosas, cuido não como o delubro da erudição, não como o sacrário das harmoniosas, não como a igreja da meditação, templo de isolamento e taciturnidade, igreja de nostalgias e saudades, igreja de fantasias e expectativas, à entrada do infindo, misteriosos resplendores fulgindo-me no dorso.,


Tudo passa, tudo passa, tudo passa...
Dialética da efemeridade, dos efêmeros. Liberdade do ser, leveza do desejo, Nuvens de sombras alevantando o vento de silêncios. Refletem raios de luz no centro do picadeiro, palhaço de gestos das mãos, semblante de piedade e caritas, de sua pintura no rosto, preta, lilás, o poema do passageiro deixa lágrimas furtivas, descer-lhe o rosto, solidão, tristeza, Fiorena no brilho do olhar, Fiorena na musicalidade da voz, saudade de acariciar-lhe o rostinho. A busca do amor, verbo do amar-soneto. ocaso do brilho das luzes incidindo no picadeiro, Ocaso da solidão, ocaso da tristeza, Sentimentos fluem livres na memória do inesquecível amor, Emoções jorram suaves na suavidade lúdica da saudade.


Passante do sossego,
Persigo momentaneamente a direção interdita da buena-dicha,
No despovoado de mim, o deleite do apiedado da luminosidade,
No despovoado de mim, o enlevo do ênfase do infindo,
Marchas, lineamentos vou apartando na sílica,
"Erudição é afrontar a exclusiva realidade circunspecta
No escudete da existência".


O palhaço chora.


(**RIO DE JANEIRO**, 31 DE OUTUBRO DE 2017)


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