Sonia Gonçalves ESCRITORA E POETISA COMENTA O AFORISMO 261 /**HEI MONTADO O CORCEL DO AGNOSTICISMO**/


Boa noite Manoel Ferreira Neto!!! Belíssimooooo! Agnóstico nada!, cheio de desejos bem normais de quem tem a maior de todas as religiões que se chama Esperança.Te aplaudo pelas tantas citações relevantes dos nossos momentos, dos tantos tempos vividos pela nossa história brasileira, pelo seu toque de humor com leve sarcasmo, muito bom mesmo "Quero assistir pela televisão o presidente da república dizer que jamais houve na história um governo que tenha se entregue por inteiro às causas populares, e a massagista dobrando-se de tanto rir para não chorar de desespero."


Ah, como quero isso Manu sinceramente na história desse país... Meus aplausos pra ti, ainda bem que temos coisas do tipo pra ler sempre...Grata Manu! Mas sei lá... Ainda não te creio ateu ou agnóstico rsrsr acho que na verdade isso é um sentimento da alma e a tua não me parece assim, posso me enganar claro. Seja como for o texto está maravilhoso! Aproveito e lhe dou minhas felicitações...e destaco cá um trechinho mui legal do seu texto... Bjos Manu, Beijo para Graça que sempre com muita graça e talento enfeita suas postagens... <3 Parabéns!


Quero que o escritor quebre a expectativa do leitor, afirme pelo avesso e devolva a auto-imagem distorcida, ressaltando o grotesco de uma sociedade e seus membros, conjunto que se pretende um modelo a ser cultuado.(Manoel Ferreira Neto)


Sonia Gonçalves


#AFORISMO 261/HEI MONTADO O CORCEL DO AGNOSTICISMO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Quero que o pendulum do relógio suspenso na parede silencie as batidas no instante supremo de minhas angústias, tristezas, desesperos, anunciando a solidão de minha alma nos auspícios da colina, observando o entardecer, o vazio de meus pensamentos, idéias sobre o mundo e suas viperinidades e pernosticidades.


Quero que a areia da ampulheta na passagem dos segundos faça-me sentir profundo, abismático nada haver-de retrogradar, postegar, protelar o nada que resplende no topo da montanha, eivando-se dos raios numinosos do sol, a nonada que esplende suas centelhas, suas prospectivas de passagem à travessia para o Vedas.


Quero que os pratos da balança da moral e ética mostrem-se-nos em toda a glória, equilibrando-se nas conjunturas das ideologias e dos interesses, das corrupções e dos tráficos de influências, e que os valores e virtudes da humanidade do ser sejam protelados para a consumação dos tempos.


Hei montado o corcel do agnosticismo, e não posso admitir que as rédeas me escapem das mãos e que o corcel me leve para onde bem entenda. Estou pronto para travar a batalha. Hei efetivado os liames entre a bastardia e a rebeldia, e que os ácidos críticos da revolta corroam os dogmas e os princípios da burguesia, os preceitos da Constituição e do Evangelho.


Quero que os amores mais trágicos do que risíveis não desçam nunca a níveis profundos de comunicação, e por isso sejam vulneráveis a qualquer situação que coloque sob um novo ângulo as pessoas amadas.


Quero que as contra-dicções além do bem e do mal negligenciem os detalhes insignificantes do exterior, explodindo num riso tão inconveniente que me veja obrigado a retomar a palavra, as dialécticas aquém da liberdade e do rebanho de parasitas ponham em evidência um presságio anunciador de advento de alguma coisa grandiosa e fora do comum, que superem meus sonhos.


Quero que os sinos no domus da igrejinha não repiquem no instante da comemoração da Independência do Brasil, os botequins não fechem as portas na passagem da marcha do exército, o público presente entre em completo desvario e saia pulando carnaval, gargalhando doidivanamente.


Quero que a massagista da academia avise-me que a banheira está cheia, saia exibindo orgulhosamente o umbigo e estenda-me com prazer na banheira, diga-me ela em tom de voz sereno, sorrindo, que pareço ter o corpo muito sensível. Quero assistir pela televisão o presidente da república dizer que jamais houve na história um governo que tenha se entregue por inteiro às causas populares, e a massagista dobrando-se de tanto rir para não chorar de desespero.


Quero que o escritor quebre a expectativa do leitor, afirme pelo avesso e devolva a auto-imagem distorcida, ressaltando o grotesco de uma sociedade e seus membros, conjunto que se pretende um modelo a ser cultuado.


Agora estou com fome, fome inteira que abriga o todo e as migalhas. Quem bebe Ballantine´s, com os olhos toma conta do leite. Quem lento bebe o leite, sente o Ballantine´s que o outro bebe.


(**RIO DE JANEIRO**, 13 DE OUTUBRO DE 2017)


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