Sonia Gonçalves ESCRITORA E POETISA COMENTA O AFORISMO 307 /**DO LADO DE CÁ DO ESPELHO**/


Que lindo Manu.... Lindo texto, de coração aberto nota-se. Todo mundo um dia se perde um pouco na vida uma vez ou outra, certamente seus pensamentos acompanham a fumaça do cigarro ou o balanço da rede em que observa o mundo pela lente dos seus pensamento e pelas ideias, onde transmuta essas tais maldades vis em coisas poéticas para nos contar nesses aforismos incríveis e criativos... Grata... amei.


Sonia Gonçalves


#AFORISMO 307/DO LADO DE CÁ DO ESPELHO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Suportem todos a cruz e a existência no deserto, perdido na imensidão do espaço de areia, nenhum rumo, não destino, gritem contra as lágrimas bobas e compreenderão que o Criador, fazendo-os rebeldes, quis zombar de cada um de nós certamente.


Com desespero e essa blasfêmia, torno-me eu, quem quer seja, ainda mais infeliz, porque a natureza humana não tolera a blasfêmia e acaba sempre por tirar vingança dela. Assim, a inquietação, a perturbação, a desgraça, tal a partilha dos homens, após sofrimentos que suportam pela liberdade deles.


Suportemos a cruz e a existência no deserto, nutrindo-nos de gafanhotos e de raízes; decerto podemos orgulhar-nos dos filhos da liberdade, do livre amor, de seu sublime sacrifício em nosso nome. Palavras proféticas?!... Não. É o que sinto neste instante.
É bem fácil recostar-me à cadeira de balanço, fumando um cigarro, expelindo a fumaça levemente. O tempo contribui com a minha construção, que está indissoluvelmente ligada com a sensibilidade, frente ao ideal, transcendência e engenho, busca e entendimento de seu significado.


O riso, meu amigo, é nosso consentimento ao futuro, a todos os sonhos que construímos num segundo fugaz, mas que deixa em nós uma semente que irá brotar, se a regarmos. Por isso, assim creio eu, talvez para expressar um medo que num átimo perpassou minha alma e não pude retê-la na concha de mãos fechadas, é preciso aceitar certas verdades. Até mesmo admitir e aceitar que a perda da alegria é a perda de nossa vontade de estar na vida... É preciso buscar a unidade perdida. Trazer em comunhão, outra vez, o equilíbrio. O que aconteceu foi você ter aceite a idéia de que a vida é um ato de sacrifício, o sofrimento é o alicerce da redenção e da salvação. Tudo isto gerado por um tempo que criou mitos estereotipados na beleza física e no poder material. O espelho... e não é o olhar das pessoas cobrando que nos disfarcemos. Não aceite este jogo, nem se descuide, apenas viva do lado de cá do espelho...


(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE OUTUBRO DE 2017)


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