#AFORISMO 252/INFERNO DA METAFÍSICA PRESENTE NAS CURVAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Vazio de nada. Nada supremo, nada absoluto, nada omnipresente, nada
omnisciente, nada perpétuo, nada sublime, nada de psicanálise do inferno, nada
do inferno de psicanálise, nada de insolências meigas da metafísica, meiga
metafísica das insolências.
Nada de vazio
Nada vazio
Nonsenses, náuseas
Duas paralelas
Só se encontram no in-finito.
Seno, co-seno,
Tangente, co-tangente.
O vazio re-colhe, a-colhe o múltiplo, momento inesquecível, inaudível de
re-nascimento, sentir presente o outro que era o mistério atrás do
"eu", o "eu" do mistério atrás, enigma atrás dos
solipsismos e alteridade do não-ser, até mesmo lenda atrás das ipseidades das
in-verdades, o outro na estrada de novas contradições, dialécticas, nonsenses,
saltitando de ansiedades, desesperos com a presença do efêmero, sempre na
expectativa de que irá esvaecer-se, irá ser esvaecido a qualquer instante, o
vazio é gozador, adora brincadeira, pois re-vela o outro para esvaecer logo,
ficando a sensação de mentira no intimo, a hipocrisia tem leito de flores no
recôndito, regaço da alma, tudo não passou de falsidade, farsa, aparência, e o
efêmero continua tranquilo na sua trajetória para o nada.
Nada prepotente. Nada orgulhoso. Nada pomposo. O vazio esvaece-se, o
outro que nele re-nasce esvaece na continuidade do efêmero, morre no encontro
imprevisto com os desejos e vontades da perfeição. De outro em outro, outro
dentro do outro, dentro do outro, dentro do outro, na continuidade do tempo,
experiências e vivências, a perfeição se a-nuncia, re-vela-se, caminha nos
campos silvestres, o verbo do perfeito regencia o eidos da plen-itude. Vácuo
das esperanças, sonhos, utopias, ilusões, fantasias, quimeras, sorrelfas. Só o
nada é a esperança do ser, mas depende do efêmero efemerizar o não-ser da
con-ting-ência, manque-d´êtres e mauvaises-foi, carências, forclusions, mostrar
a solidão plena, nada nasce, nada morre por mim, nada do mundo tem qualquer
sentido, não me preenche os lapsos, a ruminância do silêncio, instante e
momento de pro-jetar o nada, pro-jetar-me na estrada de pós e poeiras das
buscas, o inferno da metafísica presente nas curvas, aclives, declives,
mata-burros e pontes partidas. A psicanálise da metafísica nas dobras dos
momentos de insegurança, indecisão, quando não se sabe se o nada está nadificando
o efêmero, se o efêmero está efemerizando o nada, o vir-a-ser se tornou o
ser-do não-vir, suspenso na ipsiedade do tempo, o vento passando bem distante -
quiça tocasse e levasse para bem longe. Ou se se entrega ao nada, tenha fé e
esperança na sua trajetória e itinerário para as sarapalhas do tempo ou se se
entrega à morte do verbo, nada de nada, nada do nada.
Buraco negro. Espaço a-poético da verdade. Só nadificando o nada do Ser,
o Ser se revela nada do Verbo, no nada do verbo "nada" a origem, as
águas são serenas e profundas, o princípio das etern-itudes, as efemeridades
iluminando e numinando a poiética elísia da vida, os efêmeros cintilando e
brilhando a poiésis paradisíaca do Ser-para os caminhos do além.
(**RIO DE JANEIRO**, 11 DE OUTUBRO DE 2017)
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