MARIA ISABEL CUNHA CONCEDE AO "PÁ-LAVRA VERBOS E ESPERANÇAS" EN-TREVISTA INÉDITA. PROJETO "DEDOS DE PROSA COM..." - PÁ-LAVRA VERBOS E ESPERANÇAS Maria Isabel Cunha - POETISA E ESCRITORA
Uma entrevista realizada há já alguns anos, em direto, aqui no Facebook
e que vou partilhar porque se fosse hoje, responderia do mesmo jeito. Talvez
revele falta de progressão na minha careira de escritora, apenas escrevo nos
tempos livres e são poucos, mas patenteia a minha coerência.
Maria Isabel Cunha
Me não lembra aquando esta entrevista fora realizada com a poetisa e
escritora Maria Isabel Cunha - creio que em 2015, no projeto "DEDOS DE
PROSA COM...", do Grupo PÁ-LAVRA VERBOS E ESPERANÇAS.
As publicações da escritora e poetisa nas conjunturas atuais são bem
diferentes, quiçá os questionamentos fossem outros, quiçá não fossem outros,
mas para aquele momento foram percucientes. Mas, não é acréscimo, deixo este
questionamento para a escritora: "Maria Isabel Cunha, hoje você se
enveredaria na experiência das influências de suas leituras das publicações
aqui no Facebook? Está consumado que o nível das publicações de 2015 para 2017
caiu sistematicamente."
Manoel Ferreira Neto
Boa tarde, Maria Fernandes, tudo bem com você?
Pá-lavra Verbos e Esperanças - Conte-nos um pouco do seu fazer poético?
Maria Fernandes - Escrevo poesia sem qualquer escola, regras ou autores
como referência. Como li muito durante toda a minha vida e tirei uma
licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas devo ter sofrido influências
deste ou daquele autor, mas devem ser apenas pilares, bases da minha poesia,
pois ela brota da alma, de mim, do meu Ser, da minha essência.
Pá-lavra Verbos e Esperanças - A sua temática poética versa sobre a
alma, buscas, desejos, vontades. No seu mergulho nas profundezas da alma, sente
dificuldades em expressá-la nos seus instantes? Refiro-me a instantes porque a
alma são continuidades de a-nunciações, re-velações de sentimentos, dores,
emoções, sofrimentos.
Maria Fernandes - Estava mesmo questionando-me sobre os meus
sentimentos: por que escrevia, por que sentia tanta angústia, tanta saudade,
tanta inquisição na alma, disposta a escrever um poema, mas só saíam gemidos,
ais, choros, lágrimas, perguntas sem resposta, quando deparei com as questões
que me colocou. Pois meu caro, são tantas as emoções, tantos os questionamentos
que faço a mim própria que, na realidade, sinto dificuldade, para não cair no
vulgar, de me expressar, de transpor para o papel, sem cair na repetição, todo
o meu sentir, tudo o que me vai na alma como Ser pensante, tantas dúvidas,
tantas descobertas que fiz ao longo da minha existência que me pergunto muitas
vezes se não será melhor guardar no silêncio, bem no recôndito da minha alma,
toda esta poesia, todos os poemas que elaboro em pensamento bem dentro de mim,
o que sinto, que vejo, que me circunda, que faz parte da minha essência. E
quantos poemas eu componho, talvez os melhores, e que ficam só no pensamento.
Pá-lavra Verbos e Esperanças - Preocupou-me de uns tempos para cá que
você estava se distanciando desta temática, parecendo-me que estava sendo
influenciada por leituras de poemas nos grupos. Aconteceu, porém, de publicar
um poema do início de seu fazer poético que era pura alma. O que a levou a
voltar ao passado, e ainda ao início de sua carreira poética?
Maria Fernandes - Todo o poeta se deixa influenciar por leituras que fez
ou faz, consciente ou inconscientemente! Como é de bom-tom ler e comentar os
poemas dos meus colegas comecei a ler os poemas dos mesmos e considerei-os
muito interessantes, bons, muito bons e alguns deles excelentes, a tal ponto
que quis experimentar, fugir um pouco do meu ritual e enveredar pelas novas
diretrizes da poesia e inovar um pouco, quis fazer uma experiência comigo
própria. Daí, reparei que me estava afastando do meu sentir, de expor o que me
transborda do peito, de mim e, resolvi retornar ao início, mas enriquecida com
os dados do presente, pois deve ser este o caminho de qualquer poeta, na minha
opinião.
Pá-lavra Verbos e Esperanças - Neste retorno seu ao passado, aquando a
temática "alma" estava puramente presente nos poemas, você está
re-velando inconsciente dessa alma que nos seus poemas não eram apresentados.
Refiro-me ao inconsciente-do-ser-no-mundo que deseja o amor à felicidade. No
seu fazer poético, como está sendo esta experiência.
Maria Fernandes - Neste momento, quero aprofundar mais o meu
inconsciente, escrever o que sinto, mas mais consciente do que faço e por que o
faço, sem medos, sem peias. Resolvi não ter medo do que possam ou não pensar a
meu respeito, sou eu, responsável pelo que escrevo e assumirei sempre o que
digo e o que faço, sem receio de tabus ou quaisquer conceitos atuais ou
ultrapassados. Possuo um conhecimento razoável sobre o Ser Humano, a Sociedade
e o Mundo Atual. Já dialoguei com quase todos as raças existentes no mundo, o
FACEBOOK foi meu grande auxiliar e cheguei a muitas conclusões: Todo o Ser
Humano, independentemente da raça, religião, idade ou sexo, tem como
necessidade prioritária a subsistência e, em seguida, o Amor! Sim, Todo o Ser
Humano deseja Amar e Ser Amado, desde o início da sua existência até ao final
da mesma. Atingi uma maturidade que me é salutar e faz de mim: UMA MULHER SEM
MEDO, ou melhor, UMA MULHER ASSUMIDA!
Pá-lavra Verbos e Esperanças - A sua linguagem, estilo está sofrendo
trans-formações com este mergulho mais profundo na alma?
Maria Fernandes - Evidentemente que a minha linguagem está a sofrer
alteração e irá sofrer mais ainda. Quanto mais eu mergulhar na minha alma, mais
ela se alterará. O meu percurso literário sofrerá maiores ou menores
alterações, conforme eu me debruce mais ou menos sobre as questões que me forem
sendo apresentadas, percurso natural ao da própria existência! Penso que
respondi a todas as suas questões.
(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE OUTUBRO DE 2017)
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