POETISA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA Ana Júlia Machado ANALISA O AFORISMO 253 /**SILÊNCIO DO FRIO A CONTEMPLAR AS FLORES**
Neste aforismo do Grande escritor Manoel Ferreira Neto , que mais uma
vez deixou-me atónita, visto que tantas ideias estão nas entrelinhas deste
texto, e que os caminhos a seguir poderiam ser inúmeros…como sempre a questão
do ser e não ser…o belo..o saber contemplar ou não, entre outras coisas…
Eu vou por um caminho que mais uma vez não sei se certo ou errado, mas é
o que parece-me que pelo menos em algumas frases será muito disto que quererá
verbalizar…
Andar em busca é habitar ressentido e impelido da lazeira e avidez de
todo o estar.
Míngua e sofreguidão de ser e de sortir - ser, avidez e ambição de todo
o exequível e do inexequível que nele existe, mágoa cavada de ser e
experimentar tudo de qualquer as atitudes e de a isso mesmo domar, sem ceder ninharia
de alheio da grandeza de o não existir, de não existir interior e
exteriormente. Pleitear é não se satisfizer com inferior que o Interminável que
se é na Oculta proveniência nascente de si e de tudo. Por isso a causa é
questão. Colocar inteiramente em tema todas as adulteradas garantias, deleites
e abastanças da vida, todas as cegueiras de serem ou poderem ser flores que
completam hortos de prazer as duras e sempre breves localidades de banimento,
todas as simulações de serem natais e locais inatos de habitat e familiaridade
os jeitos dia-a-dia de ser, apreciar e meditar.
Pleitear é ausentar-se. Buscar – se na Proveniência é expatria-se do
ostracismo dos costumes intelectuais e impressionais, dos costumes civis,
científicos e civilizacionais, dos costumes…saciar-se. Transitar pela negra
escuridão do desamparo de todas as alusões, amparos e refúgios de resguardo,
ser despovoado e imensidade e neles jornadear ao Altíssimo facultará da
independência de todos os caminhos. Desfechar garra de todas as concepções, fés
e teorias. Ceder tombar tudo, identificar que jamais se foi, nunca se é e
jamais se será senão despido, fatalmente desnudo. Por mais invenções que se
engendrem, por mais jeitos de boa ciência, por mais classes de subterfúgios e
máscaras em que falsamente nos camuflemos. Inquirir é ausentar-se. Do contíguo
para o longínquo, do sabido para o incógnito, do que nos cremos para o que
somos sem suposição de o encarcerar na ideia tão-pouco de ser. Exorbitar-se do
que se medita ser para o que transforma-se sem cogitar. Abandonar correntes do
descanso no ser situado, cercado e inactivo para a Jornada repleta de façanhas
excepcionais do deambular desocupado pela infinda brecha dos exequíveis.
Desinquietar-se do confiar-se um e um eu para o soltar-se alomorfia e Jornada
na impetuosa sucessão de todas os panoramas.
E como habitual termino com uma ideia do autor…
Estirpes do gélido, insinuando o espírito a declamar o mutismo do
impotente a apreciar os ornatos a brotarem na juventude, expelirem a fragrância
da sensibilidade da beleza e do sublime, sensibilidade do Ser e sinagoga do
verbo no eterno
Ana Júlia Machado
#AFORISMO 253/SILÊNCIO DO FRIO A CONTEMPLAR AS FLORES#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Raízes da inconsciência, id, ego, superego enovelados nos mistérios da
alma, a querença inapreciável de vislumbrar o enigma de sentimentos e emoções,
sentimentos, ora alegria, ora tristeza, ora felicidade, ora angústia,
perpassando o íntimo num piscar de olhos, ininterruptamente, mas o mundo parece
melhor, embora os olhos a perscrutá-lo, a desejança irrepreensível de alumbrar
as idéias, elevando-as aos ideais da imperfeição perfeita, às utopias da
in-verdade verdadeira.
Metonímias, sinédoques dispenso. Doe-me as pueris antíteses, que abomino.
Raízes de estilo que estesiam os zelos, descrevem os idílios atrás dos êxtase,
volúpias, ardor, coração, vaidade ao menos...
Raízes de fogo, entrelaçadas nas achas da lareira, de cujas chamas
advirá o calor a perpassar-me o corpo, sensibilizar-me a alma para novos
sentimentos e emoções, tocando-me o ser, nascendo em mim inspiração para
sobrevoos pelas florestas, mares, abismos.
Raízes de versos in-versos de re-versas intuições do belo e da beleza,
entremeadas de desejos do sublime soneto, cuja chave de ouro tece as linhas dos
horizontes de além, a-nunciam o crepúsculo da tarde eivado de luzes do
vir-a-ser da noite iluminada de estrelas e lua.
Raízes de dialéticas do ser e não-ser, entrecortadas de contingências de
sonhos e verbos do amor, projetando em mim luzes do eterno, alvorecido e
crepusculado de re-velações da verdade, trans-elevam-me as antípodas do
uni-verso onde querubins performam a dança da sedução e entrega,
trans-cendem-me ao longo do oceano onde sereias dedilham a harpa do tempo e do
ser, cantam a canção de etern-itudes das esperanças do sublime espírito de
amar.
Raízes de nonadas e travessias, inter-ditas de ideais do perfeito e do
divino, entre-trans-literalizadas de fantasias, utopias dos campos versejados e
versificados de flores a exalarem o perfume inebriante do perene, compõem-me na
alma o prelúdio da ópera do silêncio a embriagar-me de êxtase e volúpias.
Raízes de ritmos e melodias da música do tempo, em sendo-em-sendo de
encontros e des-encontros, amores e des-amores, elevam-me o espírito,
sensibilizado de razão/vida, ao cume dos paraísos celestiais onde garbosamente
deambulo, perambulo, vislumbrando suas belezas e esplendores, con-templando as
águas do rio dos sentidos plenos, cantarolando o "lá-lá-rá-la" da
felicidade e da paz.
Raízes de palavras, tematizadas da linguística do sono seduzindo o sonho
a anunciar a memória das genesis da vida, da metáfora dos verbos assediando
temas e temáticas a indicarem o presente e o subjuntivo do além de todos os
horizontes e uni-versos.
Raízes do inverno, inspirando a alma a recitar o silêncio do frio a
contemplar as flores a desabrocharem na primavera, exalarem o perfume do
sentimentos da beleza e do belo, estesia do Ser e Templo-Verbo-Infinito.
(**RIO DE JANEIRO**, 11 DE OUTUBRO DE 2017)
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