**BATENDO NA CANGALHA** - PINTURA: Graça Fontis/PARÓDIA: Manoel Ferreira Neto
Bons dias!
Verdade verdadeira, das mais incontestes que a inteligência popular fora
capaz de criar, o povo sabe ser artífice, quando as situações e circunstâncias
exigem, fazem urgência: faz-se mais que mister bater na cangalha para o burro
entender, e, dependendo de seus instintos já fazendo hora-extra no mundo,
deve-se bater nela centenas de vezes. Já pensou o leitor comum, o apaixonado,
também aqueles que leem por nada mais haver e há para fazer, tendo de bater na
cangalha para que isto seja pelo menos visível, não precisa ser inteligível,
verificável, in-vestigável, seria até idiotice andar nestas trilhas nunca
chegaria a um destino, correndo o risco de ser con-(s)-id-era-do idiota e
imbecil, mas considerasse pelo menos que desejam saber o que está acontecendo
na sociedade, com o perdão da palavra, da suciedade, seguindo estas trilhas, a
coisa vai muito além disso, trans-cende, vai além da inteligência e perspicácia
de alguns, aquém dos instintos e racionalismos de outros, nas (entre)-linhas da
intuição e percepção, racionalismos e racionalidades, a coisa caminha mesmo
para a intelectualidade, o preto da verdade no branco da racionalidade,
vice-versa.
Imagine o colunista, o editor, o diretor espremendo os miolos para
escrever artigo, matéria que id-(ent)-ifique os problemas divinos e
santificados da comunidade, as falcatruas e viperinidades de algumas
personalidades do métier político e social, surge o espírito-de-porco e dá sua
sugestão para comer o angu pelas beiradas, enfiar a colher no meio do angu
quente com certeza vai queimar a boca. Particularmente, enfio a colher no meio,
mas tenho o senso, inteligência, sensibilidade, racionalidade de soprar, o
suficiente para saber de meu gosto e paladar, não sou qualquer imbecil que
renuncia a beirada para ufanizar o meio, negligencia o meio para obter
resultados os mais divinos e econômicos. Tipos alguns que ratinizam a
comunidade e aparecem em festas daquelas que honram e dignificam os homens,
id-(ent)-ificam-lhes os valores sociais, intelectuais, artísticos, estes então
merecedores de méritos e reconhecimentos, a primevíssima eternidade e
imortalidade – onde estão as obras que isso possam sustentar? Aí é que a porca
torce o rabo do lado contrário. Meu Deus, que hipocrisia!... Tipo Marconi
Ferraço – para seguir as idéias e palavras do editor desta COLUNATURU, do
tablóide Folha de Notícias – em festa de Juvenal Antena.
A paródia, para quem nunca ouviu falar nela, quem ouviu, mas de modo
distorcido e preconceituoso, abre-se para mim numa multiplicidade de
perspectivas, ângulos, de análise e interpretação, uma mistura de
re-conhecimento e ironia, de consideração e sinceridade (só num caso, a paródia
para mim é ipsis litteris verdadeira). Ou seja, mostro a realidade da coisa,
crio e recrio as circunstâncias e situações, em busca da linguagem poética,
intelectual, nunca me esquecendo da referência, ironizo, faço sarcasmo e
cinismo, mas sigo a idéia e a estrutura do original. Com muito orgulho e
agradecimento, sou neto de palhaço e trapezista por parte de minha mãe, gosto
mesmo de ver o circo “pegar fogo” (as crianças riam de fazer xixi na calcinha
de tanto rir devido à representação do palhaço; os adultos riam por ver sua
sinceridade sendo reconhecida).
Não sei se dissesse que em nossa comunidade as coisas acontecem deste
modo: semelhantes, apesar das divinas adversidades: é Juvenal Antena que
aparece bem produzido, terno de grife, sapatos pretos devidamente engraxados,
brilhando à luz das sombras, gravata, cabelos cortados à moda clássica, óculos
de intelectual de primeiríssima instância, agradando e extasiando as mulheres
para muitos talheres, os talheres para muitas mulheres de grife e etiquetas
várias; é Ferraço de chinela, calça jeans desbotada, colete, bigode e cabelos
brancos, camisa de manga curta; em tempos imemoriais, tinha supimpas
características da Portelinha, mas, hoje, com a mudança de mentalidade, de
conceitos éticos e morais na política e na vida social, individual, familiar,
está muito bem, resta-lhe pouco para ocupar a sua cadeira no Panthéon, dentre
elas largar mão da aparência e do orgulho chinfrim. O “Ferrado” está querendo
“cantar de galo no terreiro dos “Parabólicos”. Mas o coronelíssimo não vai
baixar o estribo para ele não... Resta-lhe “ser” mesmo. Cuidado: ser não é
mostrar-se e mostrar-se não é ser.
Felizmente, o tempo, vivências, experiências mostraram-me com
propriedade que as atitudes de não, ódio, ácidos destilados, pepinos
descascados, verbos rasgados, palavras ditas na lata, mágoas, ressentimentos
existiam só em minha cabeça, apesar dos preconceitos e discriminações os mais
variados possíveis, mas como intelectual a minha missão é a elevação da cultura
artística em nossa comunidade, a busca de valores, éticas, morais, a
cristianidade e evangelização que se sempre pregaram os nossos padres
redentoristas. Antigamente não era bem assim... A memória aviva, ativa, move e
remove montanhas, apesar das negligências de muitas, a cristianidade supera
todas as coisas que prejudicam o homem no mundo.
Certa vez, este colunista, numa sexta-feira, por volta das dez e meia da
noite, decidiu tomar uma Brahma, num clube já carcomido pelas atitudes espúrias
e viperinas. Qual o melhor remédio, re-fest-el-ênc-ias? Como bem diz o diretor
do tablóide “Quem bebe Brama ama”, acompanhada de um aperitivo, e por sua sorte
e iluminação o “Ferrado” estava todo bem produzido, de gravata, tomando seu
uísque Jack Daniel´s noutra mesa, rodeado de seus cúmplices e álibis, postura,
conduta, importância, responsabilidade, atitude e ações, etc., etc., não
poderiam ser outras senão estas, “se o leitor compreende bem”. Não tendo
ninguém comigo, tomei da pena e comecei de escrever matéria que pretendia
publicar no tablóide, sobre os preconceitos e invejas que imperam em nossa
comunidade, havia escrito artigo sobre certos acontecimentos que envolviam
aquele clube. Mui sinceramente, senti-me querendo mostrar os dons e os talentos
que me habitam na contramão do Ferrado que nada sabe escrever. Não me mandou
nenhum bilhetinho desaforado, não se levantou da mesa e gritou-me impropérios.
Levantou-se da mesa, apertou a mão dos comparsas e foi dormir o seu sono de
deus e justo.
Não posso dizer com categoria e propriedade que no outro haja comentado
nos becos, esquinas, alcovas e gabinete haver sido verdadeiramente palhaçada
aparecer no clube, começar a escrever, para mostrar-lhe nada escrever, mas era
compreensível por ser este colunista neto de palhaço. Tanto lugar para escrever
minhas asnices e idiotices, fui fazê-lo no lugar onde estava refestelando-se em
companhia de seus companheiros de bestalhices e ratinices. Mas depois que o
“Ferrado” fora dormir o sono dos justos, aproximou-se de mim alguém que me
dissera com todas as letras: “Botequim é o lugar divino para as grandes idéias
serem escritas e divulgadas”, o que lhe agradeci com todas as sílabas e pingos
nos “ii”. Parece que as antenas do meu conhecido e amigo, que jamais foi
político, nem teve desejo de sê-lo, captou alguma ratinice ou bananice do
“Ferrado” e havia chegado o momento de retificar para ratificar as atitudes
indecorosas e preconceituosas.
Quem mandou cutucar onça com vara curta – o pior é que estes quem assim
agem perdem a vara no tempo e nas circunstâncias, e a onça jamais esquece haver
sido cutucada, o tempo das onças humilhadas e ofendidas já se passou, hoje os
tigres são mais perspicazes. O tigre esperara o momento adequado e dera a
resposta com os seus caninos mais que afiados, creio até que haja servido do
afiador para melhor realizar os seus divinos intuitos, a resposta com dignidade
e verdade, a carne sendo arrancada com propriedade e categoria.
As novelas reais são mais interessantes, pois somos nós que vivemos a
coisa, salve-se quem puder das conseqüências, vangloriem-se quem puder com suas
atitudes.
Na cangalha, bater... Bater na cangalha... Bater cangalha na...
Felizmente, há burros que ainda entendem de só vez, o pior são os que de modo
algum vão entender seus instintos já fazem hora-extra no mundo...
(**RIO DE JANEIRO**, 07 DE MARÇO DE 2017)
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