**QUEM NÃO É ÁGUIA NÃO DEVE POUSAR SOBRE ABISMOS** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: Aforismo/Ditirambo


Arauto do invisível avulta pela permanência
O oratório que vibra a fibra adormecida,
O dis-curso que liberta a liberdade esquecida,
O dia-logus que des-creve o in-audictus in-terdicti
Das vontades de poder, dos desejos da verdade,
Na plenitude da aparição, da brev-idade,
Nas origens, limiar de interrogações...


Adere os sentimentos nos liames das buscas e projetos, concilia as emoções nas eidéticas das desejâncias e volos, diá-logo de sementes regadas com a água límpida de fontes puras e singelas, monólogo de águas, nascidas além-montanhas, além-sertão, nascidas além-solidões-e-silêncios, aquém-chapadões, concebidas aquém-infinitos-universos.


Quem não é águia não deve pousar sobre abismos,
quem não é corvo não deve sobrevoar vulcões
quem não é coruja não deve cantar nas madrugadas...


Hinos de fé e esperanças no tempo - encarnam a ênfase e as volúpias, inundam a alma de outras querências -, de nosso ser serão pedra angular de utopias pagãs, autos dos ideais hereges,
rogando a plen-itude e sublim-idade do eterno “enquanto dure”, o sensual greta-se com o suave como para dar melhor a-colhida
à nobreza dos sentimentos, de outros arrebiques do belo em barrocas tardes de chuva fininha ou de sol incandescente, de outros confins e arribas a abrirem lent-amente as nuvens brancas dos desejos.


Letras rugem a estranheza
que faz desse corpo um corpo,
de dentro dessa cela sem grades
íntimas a esta alcova sem ar,
que encarnam a ênfase escondida
sob sete chaves,
quando descem das ideias até o ventre
e que se apagam
quando tornam a subir
do ventre para as ideais,
do umbigo para os devaneios e elucubrações.


A fome do azul que in-venta o avental,
tenho poesia e sentimento do mundo,
tenho versos e visão da vida,
tenho estrofes nas in-versões da estrutura
da ÚLTIMA FLOR DA LÁCIO,
reunir sonhos e in-verdades
busca de in-finitas inspirações,
nos mergulhos profundos de verbos e essências
a sede do verde que cria os olhares ao distante,
ao longínquo,
o mistério insiste em permanecer in-inteligível
nas mineir-icências e mineir-alidades,
nas brasil-icências e brasil-idades,
nas carioqu-icências e carioqu-icices,
os enigmas persistem em não olvidar
as mineir-ices e mineir-idades,
as essências e o ser delas
não tergi-versem as sendas
Do aqui-e-agora.


O tempo-boi me deixa vazio, acontecendo no acontecer que me criva de balas, retalha a sabres; quero pontuar a alma dos pastos de meu regresso passado, quero marcar boi-tempo, tenho de criar palavras para, na forma circunspecta, en-si-{mesmada}, estilo e linguagem, colocar versos na prosa, prosa nos versos, nas "tustras" de zás-e-trás do eterno re-torno, comungarem sentimentos e idéias à busca das verdades que me habitam a alma, sentimento da “casquinha” de felicidade e alegrias passageiras, “Antes o nada, depois o cosmos”, “O artista é a origem da obra e a obra, origem do artista”.


(**RIO DE JANEIRO**, 18 DE ABRIL DE 2017)


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