#SEMEANDO PALAVRAS NAS SENDAS DOS SONHOS!...# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


E o vagabundo perguntou ao Zózimo Prachedes, psicólogo, psicanalista de renome nestas terras brazilis, antes de acenar-lhe, sentado no chão, em posição de re-flexão, não retornaria mais, estava curado: "E agora, Prachedes, qual é o próximo passo?". Assim respondeu Prachedes:
Semear palavras...Sementes de ilusões, sonhos, raios solares, luz tocando-lhes com magia. Sementes de outros horizontes, além o verbo in-fin-itivo das re-fazendas, além a sin-estesia do pleno, re-colher e a-colher a sensibilidade do ser, querência do eterno, aquém das noites silenciosas, misteriosas de juízos das atitudes e ações, lembranças, recordações, asas do tempo voando, o peito arfando de angústias, tristezas, aquém dos instantes das efêmeras alegrias, passageiros contentamentos, sentimentos de decepção, mágoas, ressentimentos, re-colher-me, resguardar-me, ser-me companheiro, ser-me camarada, mesmo que implicasse o exílio, mesmo que implicasse monólogos contínuos.
Varri o tapete da varanda, ouvindo a solidão sendo melodiada, os questionamentos sendo ritmados, os desejos e sentimentos sendo acordeados e musicalizados. Nunca mais senti tanta alegria, foi demais ver as estrelas cadentes seguirem o ziguezague da noite, o vice-versa das utopias, ao redor da lua, soltei balões, ecos à distância acenavam-me, fluía-me neles, sussurros, murmúrios, cores de maio brilhando de outono as gáveas do espírito, oceano lúdico.
Semear palavras nas sendas dos sonhos!...
Ontem, éritos de melancolias, saudades das ilusões perdidas, angústias e náuseas do não-ser, introspecção, circunspecção, onde a luz a iluminar as veredas das desejâncias da complétude, sin-cronia do tempo e o vento, harmonia do verbo e do ser?, onde a luz do fogo na clareira do tempo?, onde a raiz dos desejos e volos do eterno em cujas ad-jacências e bordas o sentido profundo da verdade se re-vela, a-nuncia outras esperanças da beleza do belo?, onde o tempo que é tempo de semânticas e linguísticas dos verbos do amor e entrega em cujas dimensões sensíveis e trans-cendentes mora o espírito do perpétuo?
Onde?... Onde?... Onde?
Paisagem, semiologia, ritmo, solidão, agonia da paixão, inoportuno o pressentimento escuro da emoção por ironia, tantas vezes sarapalhei confetes, pensando que o carnaval houvesse domado as suas volúpias.
Sob o solo onde a semente "palavra" germina o ad-vir, o há-de ser. Sob o campo onde a semente "palavra" concebe outros sentidos, deles outras utopias.
E para todo o apocalipse da vida o genesis será exaltado: a vida precede todos os valores, sejam viperinos ou dignos, o correr será beatificado: a corrida precede todas as lerdezas, seja a lerdeza das pernas com varizes, seja a lerdeza do "devagar e sempre" dos mineiros.
Hoje, iríasis do in-finito, semear palavras em cujos interditos presentifiquem sentimentos de idílios, fantasias, quimeras, sonhos, esperanças, o peito arfando por o tempo tornar realidade, a verdade da vida ser o espírito de desejâncias, ser a alma de travessias e passagens, travessias e passagens de símbolos do vir-a-ser, travessias e passagens de signos do eterno, travessias e passagens de metáforas da felicidade e alegria perenes, travessias e passagens de linguísticas e semânticas do pleno.
Hoje, semear palavras nos corações, pulsar-lhes de ideais da verdade, do amor, da solidariedade, aquele saltitar de prazer e gozo ao som do silêncio que sussurra intimo ritmos e melodias da insustentável leveza do ser, que murmura profundo a lírica e as notas da música do verbo de ser.
Semear palavras nas sendas dos sonhos!...
Palavras de desejos do eterno, da felicidade - linguística do amor.
Semear palavras nas sendas dos sonhos!... Palavras de querência do belo, da beleza - semântica da felicidade. Semear palavras nas sendas dos sonhos!... Palavras de desejância da alegria, do gozo - metáfora do divino.
Semear palavras nas sendas dos sonhos!...


(**RIO DE JANEIRO**, 27 DE ABRIL DE 2017)


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